Este Sábado, às 15h, estaremos no Cais do Sodré a lutar pela paz. Por quê? Porque estamos fartos. Os mesmos que todos os dias dizem que não há dinheiro para a Educação, Saúde, Habitação, Transportes, são os mesmos que todos os dias renovam apelos à guerra, ao reforço das verbas públicas para o negócio do armamento, para o negócio da morte.
São oito e meia da noite e no telejornal já se ouve “A Ucrânia pede mais armas para ganhar a guerra”, “Israel recua no cessar-fogo na Faixa de Gaza”. estes são os títulos que há meses invadem os nossos jornais, as nossas televisões e telemóveis.
Por esse mundo fora, muitos são aqueles que directa ou indirectamente querem ver o mundo colapsar para encherem os bolsos com os lucros da guerra. Dinheiro banhado a sangue, sofrimento e desespero de milhões de pessoas que viram as suas vidas interrompidas pelos conflitos que só interessam aos senhores da guerra.
Na Suécia e na Finlândia voltam a lançar manuais de sobrevivência para a população, manuais que não eram lançados desde a II Guerra Mundial, para uma hipotética invasão ou uma escalada da guerra, que para além de fomentarem o medo e o desespero na população, procuram sedimentar a ideia de que a guerra é inevitável. Procuram, como afirmou O Secretário-Geral da NATO, Mark Rutte, que os povos adoptem o “pensamento de guerra”, ao mesmo tempo que pede aos europeus que “façam sacrifícios”, que se corte nas pensões e na saúde, porque os milhares de milhões que se está a entregar às empresas de armamento e à NATO, nunca são de mais para o seu objetivo final, o alargamento do bloco político-militar, comandado pelos EUA, pague quem pagar, com dinheiro ou com a vida.
Mas não precisamos de ir tão longe. Em Portugal, aqueles que concordam com o senhor secretário geral da guerra também nos tentam impor o “pensamento de guerra”. Para além da continência sempre firme do nosso governo aos pedidos dos senhores da guerra, não esquecemos as declarações de há uns meses de Gouveia e Melo, que à data era Chefe do Estado-Maior da Armada, ao afirmar que se a NATO assim o entendesse os jovens portugueses iriam morrer onde tivessem de morrer para defender os tão acarinhados “valores ocidentais”. Fica a pergunta: Quando utiliza a primeira pessoa do plural, está a referi-se a quem?
Ou as recentes declarações de Durão Barroso, há dias, no Seminário Diplomático promovido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, em que refere que «não podemos excluir» que «os nossos filhos» e «os nossos netos» sejam enviados para a guerra.
A juventude não quer morrer nem matar para servir os interesses de quem lucra com a guerra e o único pensamento que temos é um pensamento de Paz.
Em todas estas afirmações, não houve uma única referência à Paz! Querem falar de defesa, mas falam pouco em soberania. Talvez, porque não interessa questionar se o escalar da guerra serve os interesses de cada país, mas sim, garantir a subserviência aos interesses das grandes empresas de armamento que mobilizando os jovens para serem carne para canhão em guerras que não são suas, incumprindo o artigo 7º da Constituição da República Portuguesa e fechando os olhos aos princípios consagrados na Carta das Nações Unidas e na Acta Final da Conferência de Helsínquia.
Mas a nós, não nos enganam, sabemos bem para que serve cada bomba e para onde vai cada cêntimo gasto na guerra. Sabemos bem, pelo exemplo da Guerra Colonial, uma das chagas do fascismo no nosso país, que não é com a arma apontada para os povos iguais ao nosso que vamos alcançar a paz.
Nós, jovens, dizemos que já estamos fartos do massacre na Palestina e exigimos o cessar-fogo duradouro e o reconhecimento do Estado da Palestina por parte de Portugal. Dizemos que já estamos fartos das bombas que são lançadas ao Líbano, à Síria, ao Irão e ao Iraque e que é urgente denunciar os crimes cometidos.
Dizemos ainda que não esquecemos a Hiroshima e Nagasaki e que não esquecemos o bombardeamento da Jugoslávia.
Uns preparam-se para a guerra, mas a juventude prepara-se para a Paz, e por isso, não é a primeira vez e não vai ser a última, a juventude vai para as ruas defender e exigir a Paz, porque a paz é um valor de Abril!
No dia 18 de Janeiro, o Projecto Ruído – Associação Juvenil. Membro da Direcção do CNJ e mais de 70 organizações subscritoras, muitas delas associações juvenis, vão estar na rua a gritar bem alto que a juventude quer a paz, que quer Menos Armas, e Mais Futuro!
Beatriz Bernardo – Projecto Ruído