Um estudo realizado por André S. Afonso, investigador do Departamento de Ciências da Vida (DCV) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), durante o confinamento provocado pela pandemia de covid-19, concluiu que a espécie tubarão-limão mudou o seu comportamento devido à exclusão da componente humana. Os pormenores da investigação estão publicados na revista científica Ocean & Coastal Management. Ler aqui: https://www.sciencedirect.com/journal/ocean-and-coastal-management
Como principais predadores, muitos tubarões desempenham um papel crucial no equilíbrio dos ecossistemas marinhos. No entanto, estes animais têm experienciado graves declínios populacionais. A sobrepesca é, indiscutivelmente, a principal ameaça às populações de tubarões, mas pouco se sabe sobre o impacto da pressão humana não extrativa.
Assim, o artigo científico “Humans influence shark behavior: Evidence from the COVID-19 lockdown” mostra o efeito da presença humana variada no comportamento dos tubarões numa reserva marinha insular.
«Estes animais realmente começaram a utilizar as áreas costeiras com mais frequência e a adotar regimes coincidentes com os regimes humanos com mais frequência, durante o confinamento», descreve o biólogo, acrescentando que, após este período, a espécie recuperou os padrões anteriores devido ao regresso das pessoas.
De acordo com o investigador da FCTUC, esta espécie tem, naturalmente, comportamentos mais noturnos. Porém, com o confinamento e a não presença humana diurna, os tubarões-limão começaram a circular nos espaços mais utilizados pelas pessoas durante o dia. «O que observámos com esta tendência é que talvez o período diurno também seja importante para estes animais, mas provavelmente sentem-se mais inibidos pela presença humana», acredita.
«A designação de áreas marinhas de exclusão humana poderá revelar-se como a única solução para dotar as populações de tubarões de habitats adequados para otimizar a sua resiliência à pressão humana», conclui.
O artigo científico está disponível para consulta aqui: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0964569123004908.