Introdução:
Os dados que serviram de base a este estudo podem ser encontrados em:
https://docs.google.com/spreadsheets/d/1w_E9FUACowPIHumU13xAkBLXZdEe0yTGfb1zSU0kJxA/edit?gid=0#gid=0
O estudo foi realizado no início de outubro de 2024 e compara (com dados parciais) de outro estudo realizado em meados de 2023. Em 2023 altura o âmbito era mais extenso (incluindo também o alcance dos deputados em várias redes sociais) mas este estudo de 2024 focou-se no alcance e “popularidade” relativa de cada deputado na popular rede social chinesa TikTok que é cada vez mais influente sobretudo junto do eleitorado mais jovem.
No decurso deste estudo percorremos a lista de todos os 230 deputados da Assembleia da República procurando pelo seu “nome de guerra” (o nome que usam publicamente) no TikTok. Em alguns casos – por terem nomes muito comuns – foi necessário somar as palavras-chaves “deputado” ou “chega”/”ps”/”psd”, etc para localizar o perfil TikTok do eleito.
Foram recolhidos dois tipos de dados: a quantidade de seguidores em 2024 (comparando depois com a de 2023: quando a recolhemos há um ano e nos casos em que o fizemos) e a quantidade de Gostos (também comparando, sempre que possível, com os números de 2023). Com estes dois valores apontamos uma métrica percentual de crescimento ou redução e anotamos algumas anomalias ou comentários quando tal se justificasse.
Analisando os perfis TikTok por “gostos” e seguidores encontramos que:
André Ventura do Chega (CH) teve um aumento de seguidores de 409,23%, passando de 65.000 seguidores em 2023 para 331.000 em 2024. No mesmo período, os seus gostos cresceram de forma impressionante em 1253,64%, passando de 295.500 para mais de 4.000.000.
Rita Matias, também do Chega (CH), viu os seus seguidores aumentarem 200,61%, de 16.500 em 2023 para 49.600 em 2024. Os gostos nas suas publicações cresceram 237,10%, passando de 162.800 para 548.800.
André Pinotes Batista do Partido Socialista (PS) teve um crescimento de 115,95% em seguidores, passando de 6.622 em 2023 para 14.300 em 2024. Os gostos em suas postagens subiram 212,68%, de 109.600 para 342.700. Neste caso, contudo, há que destacar que as suas publicações são parcialmente de carácter desportivo (futebol).
Joana Mortágua do Bloco de Esquerda (BE) aumentou os seus seguidores em 60,58%, de 10.400 em 2023 para 16.700 em 2024. Os gostos cresceram 94,92%, indo de 114.100 para 222.400.
Alexandre Poço do Partido Social Democrata (PSD) teve um crescimento modesto de 11,79% em seguidores, subindo de 7.729 em 2023 para 8.640 em 2024. Os seus gostos aumentaram 15,28%, de 161.600 para 186.300. É único deputado do PSD nesta lista mas, ao contrário de André Pinotes Batista (PS) não publica conteúdos de temas futebolísticos.
Inês de Sousa Real do Pessoas-Animais-Natureza (PAN), por sua vez, teve um crescimento de 8,04% em seguidores, indo de 6.803 em 2023 para 7.350 em 2024. Os seus gostos cresceram 18,35%, de 136.800 para 161.900.
Mariana Mortágua do Bloco de Esquerda (BE) possui 18.200 seguidores em 2024, embora não haja dados de 2023 para comparação (ou não existia perfil TikTok ou este não foi encontrado). Em termos de gostos, acumulou 152.400.
Marisa Matias, também do Bloco de Esquerda (BE), conta com 14.300 seguidores em 2024, mas não há dados de 2023. A deputada também tem 147.900 gostos nos seus posts.
Marcus Santos do Chega (CH) possui 6.465 seguidores em 2024 e acumulou 142.000 gostos, sem dados de comparação com 2023.
Rui Paulo Sousa do Chega (CH) foi o deputado com maior crescimento percentual em seguidores, com um aumento de 1938,22%, passando de 628 em 2023 para 12.800 em 2024. Os seus gostos cresceram nuns impressionantes 5124,72%, indo de 2.670 para 139.500.
Bruno Nunes do Chega (CH) teve um aumento de 102,45% em seguidores, passando de 5.137 em 2023 para 10.400 em 2024. Os gostos, por sua vez, subiram 157,50%, de 40.000 para 103.000.
Padrões comuns observados entre os deputados analisados:
1. Crescimento significativo no Chega (CH):
Deputados do Chega, como André Ventura, Rita Matias, Rui Paulo Sousa, e Bruno Nunes, destacam-se por apresentarem os maiores crescimentos percentuais tanto em seguidores como em gostos. Isto sugere uma expansão considerável de popularidade e envolvimento nas redes sociais, possivelmente devido a estratégias de comunicação eficazes e conteúdos que atraem seguidores rapidamente.
Rui Paulo Sousa, em particular, apresenta um crescimento excepcional, com um aumento de seguidores superior a 1900% e de gostos em mais de 5000%.
2. Menor crescimento no Partido Social Democrata (PSD) e Pessoas-Animais-Natureza (PAN):
Alexandre Poço do PSD e Inês de Sousa Real do PAN mostram os crescimentos mais modestos em seguidores e gostos. Ambos têm percentuais de crescimento inferiores a 20%, indicando um envolvimento mais estável, porém menos explosivo, do que os deputados do Chega.
Este padrão sugere que os partidos mais tradicionais ou com nichos específicos, como o PAN, têm uma base de seguidores mais consolidada, mas não estão a expandir-se tão rapidamente nas redes sociais.
3. Influência de Conteúdos Específicos:
André Pinotes Batista do PS e Alexandre Poço do PSD apresentam algumas diferenças no tipo de conteúdo, especialmente com relação ao desporto. Pinotes Batista publica sobre futebol (embora não exclusivamente), o que pode contribuir para um envolvimento diferente, enquanto Alexandre Poço, também ligado ao desporto, não partilha conteúdos relacionados com futebol no TikTok. Isso aponta para uma possível influência temática no crescimento de seguidores e gostos, especialmente em temas de alta popularidade como o futebol.
4. Diferença entre partidos de esquerda e direita:
Os deputados do Bloco de Esquerda (BE), como Joana Mortágua e Marisa Matias, têm crescimentos mais moderados em comparação com os do Chega, embora ainda apresentem aumentos respeitáveis em seguidores e gostos. Isso pode indicar que o envolvimento nas redes sociais varia conforme a ideologia do partido e a abordagem nos media digitais.
5. Presença crescente de deputados sem dados anteriores:
Mariana Mortágua, Marisa Matias, e Marcus Santos não têm dados comparativos de 2023, sugerindo que ou os seus perfis são recentes ou que não houve registos anteriores, o que pode indicar uma entrada recente de alguns deputados no TikTok ou em redes de alcance mais amplo.
6. Popularidade de figuras públicas e estratégias de comunicação:
O aumento explosivo de gostos para figuras como André Ventura e Rui Paulo Sousa pode indicar o uso de estratégias de comunicação que apelam fortemente ao público do Chega, além de uma alta actividade ou investimento em redes sociais. Estas estratégias parecem estar a atrair e a reter um grande número de seguidores, especialmente para políticos ligados ao Chega.
Estes padrões revelam que o Chega é o partido com maior crescimento percentual nas redes sociais entre os seus deputados, enquanto que partidos mais tradicionais ou de nicho têm um crescimento mais estável. A presença de conteúdos específicos (como o desporto) pode impactar o envolvimento, e alguns deputados parecem estar a entrar mais recentemente no TikTok ou a trabalhar nas suas estratégias de comunicação digital.
Ao analisar os dados de crescimento de seguidores e gostos dos deputados TikTok de diferentes partidos, emergem alguns padrões:
Crescimento Excepcional no Partido Chega (CH):
Os deputados do Chega, como André Ventura, Rita Matias, Rui Paulo Sousa, Bruno Nunes, e Pedro Pinto, mostram os maiores crescimentos percentuais tanto em seguidores como em gostos.
Rui Paulo Sousa destaca-se com um crescimento extraordinário de 1938,22% em seguidores e 5124,72% em gostos, o que indica uma grande expansão de popularidade e envolvimento.
André Ventura também apresenta crescimento significativo, sendo o deputado com o maior número absoluto de seguidores e gostos, o que reflecte a sua popularidade e o forte envolvimento com o público do Chega.
Esse padrão sugere que o Chega está a investir em estratégias de comunicação digital que atraem rapidamente novos seguidores e geram grande interacção.
Crescimento Moderado no Bloco de Esquerda (BE):
Os deputados do Bloco de Esquerda (BE), como Joana Mortágua, Mariana Mortágua, Marisa Matias, e Fabian Figueiredo, apresentam um crescimento positivo, porém menos impressionante comparado ao Chega.
Joana Mortágua e Fabian Figueiredo têm uma base de seguidores e gostos sólida, mas o crescimento percentual é mais moderado, indicando uma expansão estável nas redes.
Esse padrão sugere que o BE tem uma presença consolidada, mas o crescimento não é tão explosivo quanto o do Chega, possivelmente refletindo uma abordagem digital menos agressiva.
Crescimento Limitado no Partido Socialista (PS) e PSD:
André Pinotes Batista (PS) e Alexandre Poço (PSD) apresentam crescimentos mais modestos. Apesar de um aumento significativo em gostos, o crescimento percentual em seguidores é menor.
Alexandre Poço do PSD teve um aumento de apenas 11,79% em seguidores, o mais baixo da lista, enquanto André Pinotes Batista teve um aumento de 115,95% em seguidores, mas ainda inferior aos percentuais mais altos dos deputados do Chega.
Isto pode reflectir uma abordagem mais conservadora nas redes sociais, que resulta em crescimento, mas não ao mesmo ritmo dos partidos que adoptam estratégias de comunicação digital mais intensas. De sublinhar, contudo, que a temática do deputado socialista não é exclusivamente política contendo muito material relacionado com a sua actividade como comentador de futebol.
PAN e Crescimento Estável:
Inês de Sousa Real do PAN teve um crescimento modesto, com 8,04% em seguidores e 18,35% em gostos. Isso sugere que o PAN, um partido focado em causas ambientais e animais, pode ter uma base de seguidores bastante leal, mas com menos expansão recente em comparação com os partidos que têm uma estratégia mais intensiva em redes sociais.
Presença de Deputados sem Dados Anteriores:
Mariana Mortágua, Marisa Matias, Fabian Figueiredo, e Pedro Pinto não têm dados de comparação com 2023, o que pode significar perfis recentes ou um início mais recente na comunicação em redes sociais.
Esse padrão pode refletir a entrada recente ou a intensificação da presença digital para esses deputados, indicando uma mudança estratégica recente em como se comunicam com o público.
Conclusão dos Padrões:
Os deputados do Chega (CH) dominam em termos de crescimento percentual, tanto em seguidores quanto em gostos, sugerindo uma estratégia de comunicação digital altamente eficaz e agressiva, focada em expandir rapidamente a base de apoio. Em contrapartida, partidos como BE e PS apresentam um crescimento mais estável e moderado, enquanto PSD e PAN têm os crescimentos mais baixos, sugerindo uma abordagem mais tradicional ou dentro de nichos. Estes padrões indicam que o Chega está a destacar-se nas redes sociais e provavelmente a utilizar conteúdos e estratégias que geram alta adesão e envolvimento, enquanto os demais partidos mantêm estratégias de comunicação menos focadas na expansão rápida e mais conservadoras em conteúdos e no tipo de conteúdos.
Somando os seguidores dos seguidores no TikTok dos deputados de diferentes partidos revela alguns padrões sobre a presença digital e a popularidade nas redes sociais dos partidos políticos portugueses:
1. Domínio do Chega (CH):
Com 441.838 seguidores, o Chega representa quase 80% do total de seguidores somados entre os deputados, destacando-se de maneira significativa em comparação com os outros partidos.
Este domínio sugere que o Chega tem uma presença digital agressiva e muito eficaz, especialmente em plataformas populares entre o público jovem, como o TikTok. A grande quantidade de seguidores indica uma estratégia digital bem-sucedida que maximiza o alcance e a visibilidade do partido e, provavelmente, o seu apelo junto das camadas mais jovens que é sugerido por alguns estudos.
2. Presença do Bloco de Esquerda (BE):
O Bloco de Esquerda ocupa o segundo lugar, com 8,9% dos seguidores totais, muito distante do Chega, mas ainda acima dos demais partidos.
Esta posição indica que o BE mantém uma base digital consistente, embora numa escala bem menor. A presença no TikTok sugere que o partido está a explorar plataformas para envolver com públicos mais jovens, ainda que com uma estratégia mais moderada em comparação ao Chega.
3. Modesta Presença do Partido Socialista (PS) e do PSD:
O PS e o PSD, partidos historicamente grandes, ocupam o terceiro e o quarto lugares em seguidores no TikTok, com apenas 4,7% e 3,5%, respectivamente.
Estes números sugerem que estes partidos têm uma presença digital menos focada no TikTok ou menos atraente para o público jovem. A diferença em relação ao Chega e BE indica que PS e PSD poderiam estar menos atentos à importância do TikTok como ferramenta de envolvimento de novos eleitores.
4. Partidos Menores com Presença Insignificante:
Partidos como Iniciativa Liberal (IL) e Pessoas-Animais-Natureza (PAN) têm uma presença ainda menor, com 1,7% e 1,3% dos seguidores, respectivamente. Esta presença modesta pode indicar limitações na estratégia digital ou um foco noutros canais de comunicação mais tradicionais.
O LIVRE (L) e o PCP quase não têm seguidores no TikTok, e o CDS e PCP não têm representação nenhuma. Este facto destaca a falta de envolvimento ou presença digital de alguns partidos, especialmente aqueles que podem não ter ainda compreendido o potencial de plataformas como o TikTok para o envolvimento político com eleitores mais jovens.
5. Ausência Total de CDS e PCP:
A ausência do CDS e do PCP, com zero seguidores, revela uma lacuna significativa na estratégia digital desses partidos. Esta ausência completa no TikTok é especialmente relevante, pois indica um possível desalinhamento com a evolução da comunicação política e a necessidade de adaptar-se a novas plataformas de envolvimento.
Para partidos que procuram renovação e expansão da sua base eleitoral, especialmente entre os mais jovens, a ausência no TikTok representa uma oportunidade perdida (apesar de todas as reservas – adequadas – em estar nesta plataforma).
Conclusão:
A análise revela que o Chega domina amplamente a presença no TikTok, reflectindo uma estratégia digital agressiva e eficaz, com grande popularidade entre os jovens. O BE ocupa uma posição secundária, mantendo relevância na plataforma, mas muito abaixo do Chega. Em contraste, partidos mais tradicionais, como PS e PSD, têm uma presença modesta, enquanto CDS e PCP praticamente ignoram a plataforma. Estes dados sugerem que o Chega está a aproveitar as tendências digitais para envolver novos eleitores, enquanto os outros partidos poderiam beneficiar de investir mais em plataformas populares entre o público jovem para aumentar a sua influência e visibilidade.
Se os seguidores no TikTok fossem traduzidos em votos, o Chega (CH) dominaria a distribuição de deputados com uma expressiva maioria de 184 dos 230 assentos, reflectindo o seu impacto digital. O Bloco de Esquerda (BE) seria o segundo partido mais representado com 20 deputados, enquanto o PS, PSD, Iniciativa Liberal (IL), e PAN teriam uma presença significativamente menor, com 11, 8, 4 e 3 deputados, respectivamente. CDS, LIVRE e PCP, sem presença digital expressiva, não obteriam representação, destacando a importância do envolvimento digital na percepção de apoio popular.
Duas comparações (entre várias possíveis):
Carlos Guimarães Pinto (CGP) Vs Bernardo Blanco (BB), ambos do IL:
CGP tem 5.066 seguidores e 47.800 gostos – O n.º de gostos não chega a 10 por cada seguidor;
BB tem 2.750 seguidores e 91.100 gostos – O n.º de gostos dá quase 40 por cada seguidor;
Conclusão – BB tem metade dos seguidores e o dobro de gostos;
Causa Hipotética: Enquanto que Bernardo Blanco incide o discurso em questões financeiras e nas temáticas ligadas ao futebol (ou seja, a temas mundanos e do dia a dia das pessoas), pelo contrário, CGP incide sobre Economia e (IL)egalidades. Discurso mais académico e distante das preocupações diárias da maioria da população, que parece levar mais à reflexão do que ao instinto do gosto, potenciado pelo estilo de rede social.
Madalena Cordeiro (MC) Vs Vanessa Barata (VB), ambas do CH:
MC tem 924 seguidores e 867 gostos – O n.º de gostos é inferior ao n.º de seguidores;
VS tem 965 seguidores e 9.800 gostos – O nº de gostos ultrapassa os 10 por cada seguidor;
Conclusão: MC tem um n.º de seguidores semelhante, mas tem um n.º de gostos superior a 10 vezes mais;
Causa Hipotética: VS incide o discurso no crime, na ordem, na segurança (ou seja, num discurso populista e inflamado – Dionisíaco). Ao invés, MC incide sobre políticas públicas de saúde e juventude, revelando pouca experiência oratória e um discurso mais calmo. Os temas menos populistas e a forma mais tranquila de MC não parecem ir ao encontro do gosto dos seus seguidores que potencialmente derivam da sua pertença ao Chega, partido no qual é fomentada a agressividade e os instintos em detrimento da maior racionalidade, que neste caso parece ser o factor distintivo das duas deputadas.
Riscos do TikTok
Contudo, é importante acrescentar que o MdP: Movimento pela Democracia Participativa / Movimento pela Democratização dos Partidos acredita que o uso do TikTok por um deputado da Assembleia da República pode acarretar uma série de riscos, que podem ser divididos em categorias como riscos políticos, éticos, de segurança e privacidade. Aqui estão alguns dos principais riscos, sublinhando-se que, embora esteja fora do âmbito deste estudo, o actual presidente da Câmara Municipal de Lisboa, é um utilizador intensivo do TikTok.
1. Riscos de segurança e privacidade:
a) O TikTok tem sido alvo de preocupações globais sobre a recolha de dados e a sua ligação com o governo chinês, especialmente devido às leis de segurança chinesas que podem exigir a entrega de informações ao governo sem a necessidade de recurso a um processo judicial. Se um deputado usar a plataforma, pode inadvertidamente expor informações pessoais e do seu círculo profissional a riscos.
b) O uso imprudente da plataforma pode expor informações sensíveis ou confidenciais, como dados pessoais, localização, mensagens, posições políticas internas ou estratégias de votação, o que pode comprometer o trabalho parlamentar.
2. Riscos éticos:
a) Se o deputado usar o TikTok para promover produtos ou serviços comerciais, ou para actividades que se confundam com interesses comerciais, pode surgir uma percepção de conflito de interesse entre suas funções públicas e privadas.
b) Conteúdos ou comportamentos impróprios publicados no TikTok podem prejudicar a imagem pública do deputado e do partido que representa, levando a questionamentos sobre a sua seriedade ou ética. A mesma questão pode-se colocar quanto à publicação de conteúdos clubísticos que exacerbam paixões e conflitos com simpatizantes de outros clubes de futebol.
3. Riscos políticos:
a) O TikTok é uma plataforma de rápida disseminação de conteúdos, e há o risco de que declarações ou vídeos publicados por um deputado sejam manipulados, distorcidos ou tirados de contexto. Isto pode ser explorado por opositores políticos, por potências estrangeiras ou Media para gerar desinformação, criar controvérsia ou até manipular – directa ou indirectamente – decisões e votações do deputado.
b) Devido à natureza viral e imprevisível das redes sociais, um deputado pode perder o controlo sobre como a sua imagem é retratada ou sobre a narrativa que tenta construir. A interpretação dos vídeos pode ser negativa ou mal compreendida, mesmo que a intenção original tenha sido boa.
c) A presença de políticos em plataformas como TikTok pode levar à politização do espaço, com discussões acaloradas e polarização entre apoiantes e opositores. Isso pode reduzir o valor da plataforma como um espaço de entretenimento, aumentar o desgaste emocional entre os seguidores e aumentar os já bastante altos níveis de polarização política.
4. Riscos de credibilidade:
a) O uso do TikTok, especialmente se focado em conteúdo leve ou de entretenimento, pode ser visto como incompatível com o papel de um deputado, levando a críticas de que ele não está a levar a sério as suas responsabilidades políticas.
b) Como o TikTok é uma plataforma onde qualquer tipo de conteúdo pode se tornar viral, o deputado pode acabar associado a vídeos ou temas controversos ou inapropriados, seja por meio de interacções, duetos ou apenas pela plataforma o ter incluído num contexto mais amplo.
5. Riscos de ciberataques:
a) Como figura pública, um deputado é um alvo potencial para hackers, que podem tentar comprometer a sua conta para roubar informações ou disseminar conteúdos maliciosos, afectando tanto a sua imagem quanto sua segurança pessoal e política.
Para mitigar estes riscos, é essencial que qualquer parlamentar que opte por usar o TikTok tenha uma estratégia de comunicação sólida e uma consciência clara sobre como gerir a sua presença online. Estes deputados devem garantir o uso seguro da plataforma, evitar conteúdos comprometedores (p.ex. em mensagens) e considerar a todo o momento o impacto político das suas publicações.
MDP: Movimento pela Democracia Participativa / Movimento pela Democratização dos Partidos geral@movimentodemocratizacaopartidos.org