Nos últimos 5 anos o concelho perdeu, de acordo com os dados oficiais disponíveis no INE, 1000 residentes, ou seja, uma média de 200 pessoas por ano. Nos últimos anos essa tendência tem-se agravado para o dobro apesar do aumento do número de emigrantes que se têm radicado no nosso concelho. O último acto eleitoral deu mais um sinal preocupante neste sentido. O distrito de Viseu registou uma perda de quase 28000 eleitores relativamente a 2014 e o concelho de Viseu cerca de 3250. Desde as últimas eleições autárquicas há cerca de ano e meio até estas europeias registaram-se menos 1327 inscritos no concelho de Viseu. E, se nenhum dos políticos eleitos se manifestou quanto a esta preocupação é tempo da sociedade civil lançar este alerta e pressionar para que se encare esta realidade com atenção e se definam estratégias para combater e limitar esta curta mas constante sangria de gentes.
É facto que a região tem estado a reduzir os números de desemprego, é facto que se têm registado a instalação de novas empresas e áreas de negócio em Viseu, é facto que a região tem sido muito procurada por vários emigrantes brasileiros, dos países de leste entre outros, é facto que o turismo ainda que incipiente se percebe mais numeroso na cidade, é facto que a autarquia tem promovido a cidade e a região nas suas diversas vertentes, identidades e produtos regionais, é facto que a nova gestão do aeródromo e os voos regionais vieram trazer novas dinâmicas concelhias, é facto que o ensino superior tem procurado manter o mesmo número de alunos mas neste somatório de variáveis positivas o resultado final tem sido negativo. Onde está então a falha? O que é necessário fazer mais?
Uma das medidas poderá passar pela necessidade urgente de definir e sobretudo implementar uma estratégia de curto prazo para a indústria a fim de estimular a competitividade, o crescimento e a inovação no concelho. A política industrial é uma questão estratégica para Viseu – o que fizermos agora determinará o estado da nossa economia e da nossa sociedade dentro de uma década – com uma abordagem mais abrangente e virada para o futuro, com uma linha de incentivos diferenciadores que podem ir até além da isenção, total ou parcial, de taxas municipais, nos termos do Regulamento Municipal de Taxas e Licenças Municipais ou da concessão de benefícios fiscais nos impostos a cuja receita o Município tenha direito, nos termos da lei, com o apoio na desburocratização do processo de licenciamento, certificação e instalação da industria, com o apoio nas linhas de financiamento e apoio dos fundos europeus ou outros, com facilidades de acesso a terreno público ou outras medidas que venham a ser entendidas como fulcrais para captar investimento industrial e por essa via mais e melhor emprego, pode inverter-se esta tendência de gente a precisar de sair de Viseu para garantir melhor qualidade de vida.
Essa indústria pode ser nas novas áreas da inteligência artificial ou robótica, pode ser na área da aeronáutica aproveitando do aeródromo, pode ser na área das novas energias limpas e renováveis, etc. com o município a criar pontes entre sociedade civil e ensino superior da cidade teriam por certo assegurado as bases para que se tornem sustentáveis e rentáveis, condição essencial para que acrescentem valor ao PIB regional.
A indústria gera empregos, cria postos de trabalho directos e resultam em muitos outros na área de comércio e serviços, resulta em crescimento da economia, melhora o padrão de vida da população, contribuem para aumentar a inovação e a evolução da tecnologia no país, diminui e reduz as diferenças regionais e claro produz aumento das exportações o que cria ainda mais empregos no País. Se não acreditam nisto, deixem-se andar. Um destes dias quando já não tivermos pessoas no concelho também já não precisaremos da indústria!