Viseu engarrafada…

Estes autarcas terão razões que só a eles assistem, mas nós os utentes, legitimamente e até prova em contrário, ficamos com a ideia de que estão a gozar connosco...

Tópico(s) Artigo

  • 19:34 | Terça-feira, 13 de Agosto de 2024
  • Ler em 2 minutos

Refastelados nos confortáveis cadeirões, às suas luzidias secretárias, acautelados da canícula pelo silencioso AC, nos cómodos gabinetes instalados, os autarcas do município viseense, enquanto comem um crocante brioche e bebem uma fresca água tónica com limão trazidos pela diligente assessora, meditam em qual o próximo acto a pôr em acção para tramar a vida dos munícipes.

Porventura cortar o trânsito nas principais artérias urbanas. Humm, talvez seja de mais. Provavelmente basta cortar os acessos nas principais rotundas da circular que rodeia Viseu.

Sim, isso é uma fantástica ideia, rejubilam!


Com o concelho a regurgitar de emigrantes transmite-se uma ideia de megapólis, de eficácia  e de profícuo labor e, se porventura se causarem constrangimentos ao normal fluxo de trânsito, se os confusos forasteiros que visitam a cidade andarem por aí em perdidos labirintos, que se dane… fundamental é dar uma ideia de progresso, despejar alcatrão sobre alcatrão, criar filas enormes como em Paris, Madrid ou Roma, gastar os milhões do empréstimo pedido e, ao segundo brioche, olhar entediado para o relógio e constatar que são 17h00, pedir ao motorista que o leve a casa por um qualquer atalho de poucos conhecido, vidros cerrados, AC no máximo, a ouvir o “Viseu Senhora da Beira” e a pensar quão inoportunos são estes impacientes e intolerantes automobilistas que fazem gestos desabridos, carregam no apito numa atoarda cacofónica e lá vão, como num carrossel da feira franca,  que já deixou de o ser, em busca da via aberta que lhes permita chegar ao destino, nem que seja uma hora mais tarde, e com menos 5 litros de gasolina no depósito.

As férias em Viseu são assim, uma emocionante aventura para viver com placidez e paciência de job…

Estes autarcas terão razões que só a eles assistem, mas nós os utentes, legitimamente e até prova em contrário, ficamos com a ideia de que estão a gozar connosco, sem uma programação das empreitadas legitimada pela sensatez e pelo respeito e, decerto, completamente alheados do que se passa pelas ruas da cidade, num posso quero e mando abusivo e autocrático, que não é mais do que o retrato que transmitem, cegos, surdos e mudos ao comum bom senso que determinaria, no mínimo, um pouco de atenção por quem tem que circular nesta cidade, em trabalho ou em lazer, e se vê impedido de o fazer com a natural normalidade e fluidez a que tem direito.

Deus nos livre!

Gosto do artigo
Palavras-chave
Publicado por
Publicado em Opinião