Estão na moda, as gripes. Há-as de todas as formas e nomenclaturas. Depois do covid 19, todos nos tornámos, um pouco, mestres na matéria. Ou por ter apanhado o vírus e podermos falar doutoralmente na 1ª pessoa, ou porque durante dois anos ouvimos centenas de sábios comentadores a perorar sobre a matéria. Alguns até, que na semana anterior comentavam futebol, num ápice recondicionados de modo a ir ao que “está a dar”.
Estou com gripe, apesar de ter tomado vacinas para esses e outros vírus que a indústria inventará. É aborrecido estar com gripe. Dói a garganta, a tosse ecoa no peito, as fossas nasais entopem-se, a cabeça ajuda à festa. A gripe arrelia-nos, irrita-nos e apoquenta-nos. É um adversário que nos tira eficácia, que nos limita nos nossos actos e compromissos e que nos apoquenta porque, como convém, um bocadinho de receio não fica mal no cardápio.
As mezinhas caseiras são sempre uma boa solução. O xarope de cenoura, o chá de limão com mel… dão uma ajuda. Que mais não seja psicológica. Depois vêm os fármacos mais pesados, mas ainda assim quase inócuos, para a inflamação, para as dores, para a tosse. Uma chatice.
Ademais, com a velhice, tornamo-nos acolhedores desta parafernália de maleitas que, outrora, tinham bom remédio: Abifar, avinhar, abafar…
Se somos daqueles que se dão bem com a cama, melhor pretexto não temos, que uma gripezinha. Mas se somos dos outros, daqueles para quem a cama tem cardos, a coisa vira feia. Deixamos de ter posição. Moído fica o corpo de tanta inércia e, se não adormecermos, o tempo escoa-se lento como um arrastão no ártico.
E ando eu preocupado e a lamentar-me com a minha gripe, seja ela dos macacos, das aves, dos pinguins, dos ursos ou das baleias…
(Fotos DR)