Ter dias para nascer…

Mas também não ignoramos que cada hospital tem um conselho de administração que é nomeado para gerir com eficácia e competência a respectiva unidade. Sendo verdade que as escalas de serviço – ao que ouvi e até duvidei – são feitas pela ordem dos médicos, há uma pluralidade de implicados nesta corrente de acções e de responsabilidades...

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  • 10:31 | Sexta-feira, 17 de Junho de 2022
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O que se passa nos hospitais públicos no âmbito das consultas médicas de obstetrícia tem sido amplamente noticiado e tem gerado forte polémica.

Primeiro que tudo, o SNS tal como existe, com suas vicissitudes, vantagens e desvantagens merece o nosso respeito. E se dúvidas temos, basta fazer comparações com países avançados como a Inglaterra e os EUA para ficarmos disso convencidos.

De seguida, o que se tem passado com o atendimento da especialidade acima referida, não é, de facto abonatório do respeito devido a utentes, neste caso concreto, parturientes, muitas vezes em situação final de parto.

Todos sabemos que há falta de médicos. Que os médicos formados – nas universidades públicas – não chegam para as necessidades, muitos partindo para o estrangeiro ou para a saúde privada à procura de melhores salários, entidades que assim recebem o bónus de ter bons profissionais nos quais investiram zero.


Ninguém ignora os numerus clausus internos no acesso à formação prática dos estudantes de medicina, números esses cujas limitações nunca foram muito bem explicadas. Talvez os senhores professores não tenham muito tempo e logística para esse indispensável acompanhamento que, a ser assim, deveria ser revisto.

Todos sabemos do mercado paralelo e especulativo, através do qual os médicos tarefeiros oriundos de empresas, que os têm em carteira, recebem 3, 4, ou 5 vezes mais à hora, que as horas extraordinárias pagas aos profissionais do quadro.

Mas também não ignoramos que cada hospital tem um conselho de administração que é nomeado para gerir com eficácia e competência a respectiva unidade. Sendo verdade que as escalas de serviço – ao que ouvi e até duvidei – são feitas pela ordem dos médicos, há uma pluralidade de implicados nesta corrente de acções e de responsabilidades que, ao que se vê e salvo melhor opinião, não têm sabido prever e contornar, profilacticamente, os imponderáveis e os imprevistos que começam a surgir às mãos cheias, naquilo que mais parece ser um ataque viral vindo de dentro ao SNS.

Não seria hora de responsabilizar com seriedade os implicados nesta “salgalhada” mal explicada?

Afinal, que verdade está “escondida” por detrás desta desacreditadora e lesiva controvérsia? Quem lucra com ela, certo sendo que quem perde são as utentes desse serviço?

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Publicado em Opinião