A palavra guerra tem sido utilizada com leviandade nestes últimos tempos.
Em tempos dos meus bisavós e agora os meus avós, ambos me falaram das guerras que viveram, em que tinham que esconder os bens alimentares e outros bens valiosos em minas, daquilo que foi a guerra do “ultramar”, do sangue, das bombas, do medo de nunca mais voltar.
O momento que estamos a viver não é de guerra, mas sim de calamidade. Podem vir a morrer pessoas, mas isto ainda não é a Síria.
Ao contrário do tempo dos nossos avós estamos em casa, e bem, a cumprir quarentena com internet no telefone, no portátil, com televisões ligadas a mais de cem canais, com livros, frigoríficos cheios, a enviar imagens e vídeos a todos os nossos amigos e familiares.
Tememos, as incertezas do dia de amanhã, o desconhecido e o incerto. Tememos a crise económica que aí vem. E tememos que alguma coisa de mal aos nossos aconteça. Normal.
Mas depois disto nenhum de nós será o mesmo, e para melhor, a essencialidade é a lição destes dias e das muitas semanas que aí vêm e que nos ensinarão a reduzir o materialismo e o consumismo ao mínimo, a fazer escolhas muito seletivas, a saber distinguir o que é mesmo importante do que é acessório.
Por mais que nos tentemos convencer que somos invencíveis e que o mundo é nosso, estamos absolutamente equivocados, e não podemos impor vontades e caprichos porque somos demasiado frágeis, meramente insignificantes no meio das leis do universo.
De tudo o que ouvi hoje, a frase do deputado e presidente do PSD, Rui Rio, ficou-me na cabeça: “Senhor primeiro-ministro, a sua sorte é a nossa sorte”, pois não estamos em tempos de guerrilhas políticas.
A vida sobrepõe-se a tudo, até à liberdade… (irónico pois há pouco tempo legalizámos a eutanásia).
Por isso, quando eu voltar a fazer uso pleno desse meu constitucional direito, vou ver outra vez este pôr do sol e andar de baloiço.