Não foram só o discurso produzido, as migrações internas, os salta-pocinhas, a intelectualidade distante e vaidosa, a presunção descarada, que “mataram” Rangel. Também não foram só as más companhias. Mas, diga-se que, na proporção da sua vacuidade, deram uma boa ajuda. O que mais valeu foi a inutilidade de uma estrutura montada para alimentar vícios e clientelas.
Após a vitória de Rio sobre Rangel, talvez tenha chegado o momento de as elites políticas, de os senadores, de a nomenclatura, de o aparelho, enfim, fazerem contas ao que valem. E, aproveitando a boleia, reflectirem sobre o seu préstimo.
Os aparelhos vivem de pessoas instaladas, com egos dilatados, que se julgam donos de vontades e guardiões de votos, angariadores de empregos para a militância caninamente fiel e devota. Socialmente prescindíveis, vão a despacho com a facilidade com que um vulgar cidadão bebe um café pingado.
O caminho da rua ficou mais às escâncaras, assim o saibam ler, no pleno da sua simplicidade e factualidade.
Julgo que foi só o primeiro aviso e que outros partidos, fechados, enquistados, amigados, ouvirão, não tarda, o toque a finados.
(Foto DR)