Na votação online, organizada pela Porto Editora, a palavra do ano foi PROFESSOR. Quando ouvi o anúncio, na TSF, fiquei satisfeito, fez-se justiça a um grupo de mulheres e homens cuja ação é fundamental na educação das nossas crianças e jovens, mas também para todos os que não desistem de aprender e apostam na aprendizagem ao longo da vida. A educação é a base da civilização, da democracia, da cidadania, da participação social e do convívio interpessoal e intergeracional.
Os dados do INE (novembro de 2023) devem inquietar-nos, as pessoas em pobreza monetária subiram de 16,4% (2021) para 17% (2022); o agravamento da pobreza foi mais intenso entre as crianças e jovens (passou de 18,5% para 20,7%); a desigualdade social, o buraco entre os rendimentos dos 20% mais ricos e os 20% mais pobres cresceu (os mais ricos ganham 5,6 vezes mais do que os mais pobres).
O aspeto negativo da obtenção do 1.º lugar pela palavra PROFESSOR, é a motivação dos votantes: “Professor” foi a Palavra do Ano de 2023, com cerca de 43 mil votos, na votação online organizada pela Porto Editora. O termo remete para as greves que foram organizadas pelos professores durante o último ano, reivindicando a recuperação do tempo de serviço que esteve congelado e alertando para os problemas nas suas condições de trabalho.” (Público, 03 de janeiro de 2024).
Idêntica motivação colocou a palavra MÉDICO na segunda posição: “Também as greves dos médicos tiveram impacto nos vocábulos que foram mais votados nesta eleição da Porto Editora.” Seria mais condicente e justo, com ambos os grupos socioprofissionais, que as motivações subjacentes às votações fossem a natureza das suas funções e o inestimável contributo que dão em duas áreas fulcrais das nossas vidas: EDUCAÇÃO e SAÚDE.
Fica a esperança de, no ano que agora se inicia, a eleição da palavra PROFESSOR servir como motor de arranque para a revalorização da profissão, reconhecimento social e uma nova era de políticas públicas que lhes devolvam as condições necessárias para que possam cumprir a sua missão e contribuir para o desenvolvimento de um país que não merece tornar-se numa espécie de “carro vassoura” e ser relegado para a cauda de uma Europa que vive momentos complexos e incertos.