“Professor” é a palavra do ano

Fica a esperança de, no ano que agora se inicia, a eleição da palavra PROFESSOR servir como motor de arranque para a revalorização da profissão, reconhecimento social e uma nova era de políticas públicas que lhes devolvam as condições necessárias para que possam cumprir a sua missão e contribuir para o desenvolvimento de um país que não merece tornar-se numa espécie de “carro vassoura” e ser relegado para a  cauda de uma Europa que vive momentos complexos e incertos.

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  • 19:58 | Sábado, 06 de Janeiro de 2024
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Na votação online, organizada pela Porto Editora, a palavra do ano foi PROFESSOR. Quando ouvi o anúncio, na TSF, fiquei satisfeito, fez-se justiça a um grupo de mulheres e homens cuja ação é fundamental na educação das nossas crianças e jovens, mas também para todos os que não desistem de aprender e apostam na aprendizagem ao longo da vida. A educação é a base da civilização, da democracia, da cidadania, da participação social e do convívio interpessoal e intergeracional.

Os dados do INE (novembro de 2023) devem inquietar-nos, as pessoas em pobreza monetária subiram de 16,4% (2021) para 17% (2022); o agravamento da pobreza foi mais intenso entre as crianças e jovens (passou de 18,5% para 20,7%); a desigualdade social, o buraco entre os rendimentos dos 20% mais ricos e os 20% mais pobres cresceu (os mais ricos ganham 5,6 vezes mais do que os mais pobres).

A educação é a chave do combate às desigualdades sociais e à pobreza. Em tempos de compromissos eleitorais, é fundamental que as propostas sejam claras, sérias, exequíveis e, posteriormente, executadas. É urgente a normalização da vida das escolas. Não podemos continuar a assistir a greves, mesmo sendo justas, sucessivas e à falta de professores, uma tendência acentuada pela desvalorização social da profissão e imprevisibilidade na evolução de uma carreira que já quase não consegue atrair candidatos, quanto mais novos talentos e vocações que façam a diferença. Salvam a “honra do convento”, mitigando as dificuldades que se vivem lá dentro, uma maioria significativa de profissionais qualificados, abnegados e resilientes que gostam dos seus alunos e da profissão que decidiram abraçar.   

O aspeto negativo da obtenção do 1.º lugar pela palavra PROFESSOR, é a motivação dos votantes: “Professor” foi a Palavra do Ano de 2023, com cerca de 43 mil votos, na votação online organizada pela Porto Editora. O termo remete para as greves que foram organizadas pelos professores durante o último ano, reivindicando a recuperação do tempo de serviço que esteve congelado e alertando para os problemas nas suas condições de trabalho.” (Público, 03 de janeiro de 2024).


Idêntica motivação colocou a palavra MÉDICO na segunda posição: “Também as greves dos médicos tiveram impacto nos vocábulos que foram mais votados nesta eleição da Porto Editora.” Seria mais condicente e justo, com ambos os grupos socioprofissionais, que as motivações subjacentes às votações fossem a natureza das suas funções e o inestimável contributo que dão em duas áreas fulcrais das nossas vidas: EDUCAÇÃO e SAÚDE.

Fica a esperança de, no ano que agora se inicia, a eleição da palavra PROFESSOR servir como motor de arranque para a revalorização da profissão, reconhecimento social e uma nova era de políticas públicas que lhes devolvam as condições necessárias para que possam cumprir a sua missão e contribuir para o desenvolvimento de um país que não merece tornar-se numa espécie de “carro vassoura” e ser relegado para a  cauda de uma Europa que vive momentos complexos e incertos.

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Publicado em Opinião