O abuso de idosos pode ter consequências graves, como a morte prematura, lesões físicas, depressão, deterioração cognitiva, pobreza e institucionalização em instituições de cuidados de longa duração.
Segundo os dados divulgados pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), todos os dias há, em média, quatro pessoas idosas vítimas de crime ou de violência que lhes solicitam apoio, uma realidade que tende a aumentar. O idadismo, que impregna todas as áreas da sociedade, e a clara impreparação do nosso país para o envelhecimento populacional serão duas das causas da violência contra as pessoas idosas.
Assinalou-se a 15 de junho o Dia Mundial da Consciencialização da Violência Contra a Pessoa Idosa. Uma data importante para retirar da invisibilidade pessoas, mulheres e homens, vítimas de maus tratos psicológicos, físicos, sexuais, abandono, abuso financeiro e patrimonial…
A Organização Mundial de Saúde (OMS), definiu cinco prioridades para prevenir e dar resposta aos maus tratos que vitimam as pessoas idosas: combater o idadismo; gerar mais e melhores dados sobre a prevalência e os fatores de risco e proteção; desenvolver e ampliar soluções eficazes; realizar investimentos para abordar o problema e angariar financiamento para abordar o problema.
A abordagem às cinco prioridades deve orientar-se para os enfoques estruturados para Década: enfoque baseado no ciclo de vida (numa perspetiva temporal e social da saúde e do bem-estar das pessoas e das gerações); enfoque específico de género (reconhecer e responder às diferentes riscos e vulnerabilidades inerentes às mulheres e homens em relação ao abuso de idosos, e tendo em conta a interação do género com o idadismo no contexto do mau trato); enfoque interseccional (idade, sexo, género, raça, etnia, classe, situação socioeconómico, religião, idioma, localização geográfica, condição de deficiência, status de imigração, identidade de género); enfoque inclusivo e participativo (baseado nas vozes e experiência de vida das pessoas idosas, especialmente vítimas de abuso); enfoque de saúde publica (baseado em ciência, evidência e colaboração multissetorial); enfoque de direitos humanos (apoiado por um sistema de direitos e o correspondentes obrigações do Estado estabelecidas pelo direito internacional que consideram as pessoas idosas como titulares de direitos, garantindo que ninguém fica para trás).
Procuramos contribuir, na Associação Stop Idadismo e nas Obras Sociais Viseu, para a campanha global contra o idadismo, uma iniciativa apoiada por 194 Estados-Membros, associando-nos a entidades empenhadas na construção de um #PortugalParaTodasAsIdades.
Esta semana, estaremos na Ilha Terceira (Açores), a participar no I Seminário Envelhe (Ser) 100 Preconceito, no âmbito do projeto de combate ao idadismo dinamizado pela Casa do Povo de Santa Bárbara e Governo Regional dos Açores.
Passo a passo, será possível vivermos numa comunidade em que todos garantimos a cidadania plena em qualquer idade.