Prioridades no combate aos maus tratos das pessoas idosas

“Em todo o mundo, 1 em cada 6 pessoas com mais de 60 anos sofre abusos na comunidade todos os anos. As taxas nas instituições são ainda mais altas. No entanto, o abuso de idosos continua a ser uma prioridade global baixa.” (Década do Envelhecimento Saudável das Nações Unidas (2021–2030)

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  • 8:42 | Terça-feira, 18 de Junho de 2024
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O abuso de idosos pode ter consequências graves, como a morte prematura, lesões físicas, depressão, deterioração cognitiva, pobreza e institucionalização em instituições de cuidados de longa duração.

Segundo os dados divulgados pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), todos os dias há, em média, quatro pessoas idosas vítimas de crime ou de violência que lhes solicitam apoio, uma realidade que tende a aumentar. O idadismo, que impregna todas as áreas da sociedade, e a clara impreparação do nosso país para o envelhecimento populacional serão duas das causas da violência contra as pessoas idosas.

Assinalou-se a 15 de junho o Dia Mundial da Consciencialização da Violência Contra a Pessoa Idosa. Uma data importante para retirar da invisibilidade pessoas, mulheres e homens, vítimas de maus tratos psicológicos, físicos, sexuais, abandono, abuso financeiro e patrimonial…


“Em todo o mundo, 1 em cada 6 pessoas com mais de 60 anos sofre abusos na comunidade todos os anos. As taxas nas instituições são ainda mais altas. No entanto, o abuso de idosos continua a ser uma prioridade global baixa.” (Década do Envelhecimento Saudável das Nações Unidas (2021–2030)
Os maus tratos às pessoas idosas recebem pouca atenção e não são priorizados. O idadismo foi considerada a principal razão para a baixa prioridade global, bem como um importante fator de risco para tal abuso. Também contribuem para esta (quase) omissão global a vergonha e o estigma.

A Organização Mundial de Saúde (OMS), definiu cinco prioridades para prevenir e dar resposta aos maus tratos que vitimam as pessoas idosas: combater o idadismo; gerar mais e melhores dados sobre a prevalência e os fatores de risco e proteção; desenvolver e ampliar soluções eficazes; realizar investimentos para abordar o problema e angariar financiamento para abordar o problema.

Os peritos da OMS consideram que se os governos, as agências das Nações Unidas, as organizações de desenvolvimento, as organizações da sociedade civil, as instituições académicas e de investigação e os financiadores implementarem estas prioridades, poderemos reduzir o número de pessoas idosas em todo o mundo que sofrem abusos e contribuir para melhorar a sua saúde, bem-estar e dignidade.

A abordagem às cinco prioridades deve orientar-se para os enfoques estruturados para Década: enfoque baseado no ciclo de vida (numa perspetiva temporal e social da saúde e do bem-estar das pessoas e das gerações); enfoque específico de género (reconhecer e responder às diferentes riscos e vulnerabilidades inerentes às mulheres e homens em relação ao abuso de idosos, e tendo em conta a interação do género com o idadismo no contexto do mau trato); enfoque interseccional (idade, sexo, género, raça, etnia, classe, situação socioeconómico, religião, idioma, localização geográfica, condição de deficiência, status de imigração, identidade de género); enfoque inclusivo e participativo (baseado nas vozes e experiência de vida das pessoas idosas, especialmente vítimas de abuso); enfoque de saúde publica (baseado em ciência, evidência e colaboração multissetorial); enfoque de direitos humanos (apoiado por um sistema de direitos e o correspondentes obrigações do Estado estabelecidas pelo direito internacional que consideram as pessoas idosas como titulares de direitos, garantindo que ninguém fica para trás).

Procuramos contribuir, na Associação Stop Idadismo e nas Obras Sociais Viseu, para a campanha global contra o idadismo, uma iniciativa apoiada por 194 Estados-Membros, associando-nos a entidades empenhadas na construção de um #PortugalParaTodasAsIdades.

Esta semana, estaremos na Ilha Terceira (Açores), a participar no I Seminário Envelhe (Ser) 100 Preconceito, no âmbito do projeto de combate ao idadismo dinamizado pela Casa do Povo de Santa Bárbara e Governo Regional dos Açores.

Passo a passo, será possível vivermos numa comunidade em que todos garantimos a cidadania plena em qualquer idade.

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Publicado em Opinião