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Os senhores vão bem

A caminho de Coimbra seguia um dia destes um automóvel da Guarda. Aí por alturas de Tondela o carro encontrou na estrada um pobre camponês, qual judeu errante, a quem o dono do veículo perguntou...

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    • 13:56 | Terça-feira, 27 de Julho de 2021
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    O jornal A Voz Desportiva criou a secção «Prato variado», onde o autor, Jorge Severo, dispõe histórias colhidas nos dias que vão passando. Conheci, deste modo, um jogo de futebol, em Évora, no qual, além dos golos, se partiram duas pernas e um braço. Em Viseu, os adeptos abespinharam-se com os jornalistas por não receberem deles os factos a que julgavam ter direito. A edição de 12 de Fevereiro de 1946 apresenta um episódio que começa com um aviso suspeito: «Esta aconteceu.» E prossegue:

    «A caminho de Coimbra seguia um dia destes um automóvel da Guarda. Aí por alturas de Tondela o carro encontrou na estrada um pobre camponês, qual judeu errante, a quem o dono do veículo perguntou:

    – Ó patrãozinho, nós vamos bem para Coimbra?


    – Os senhores vão bem. Mas eu vou mal, porque sigo a pé.»

    Viviam-se tempos em que até uma bicicleta era um luxo, embora não tanto como a liberdade de expressão. Chegou-me a notícia, tomada vagamente numa biografia de Aquilino Ribeiro, de que a censura lhe mutilou um artigo de jornal no dia 19. As suas objecções ofendiam as certezas dos que mandavam.

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    Publicado em Opinião