Habituámo-nos há muito a que Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente da República portuguesa, comente a torto e a esmo o que deve e o que não deve.
De língua solta, pouco contido, nada parece ser dito ao acaso, e quando alguns comentadores o acusam de inoportuno, imprevisível e dado a bizarras “boutades”, nós acrescentaríamos que com ele nada será feito aleatoriamente, por mais circunstancial que pareça.
A este, caracterizou-o como “rural, imprevisível e exigente”. Talvez rural por oposição a urbano, queira significar rude, rústico, tosco… ou apenas provinciano, parolo e pouco letrado. Vamos lá saber…
“É uma pessoa que vem de um país profundo, urbano-rural, com comportamentos rurais”, afirmou, referindo-se ao facto do actual primeiro-Ministro ter nascido no Porto e viver em Espinho e acrescentando “é difícil de entender”. O que lhe causará algum engulho ou agastamento.
Por comparação com o seu antecessor, António Costa, de quem afirmou que “por ser oriental, era lento, gostava de informar, acompanhar e entregar”, reitera que Montenegro que “não é oriental, mas é lento, tem o tempo do país rural, embora urbanizado.”
E dando uma no cravo e outra na ferradura, continua nas suas especulações taxando Montenegro de “político do silêncio” e elucidando “Ele é um grande orador, mas é um político à moda antiga. Vamos ver se conseguirá controlar o tempo, compatibilizá-lo com o governo, no meio da polarização.”
Não se trata de apurarmos da razão ou desrazão de Marcelo. Trata-se de cada vez mais se perceber nele um comportamento errático, despropositado, sem real sentido das conveniências. Ou então, um comportamento cirurgicamente certeiro, apropriado aos seus intentos e convenientemente estruturado para acertar na “mouche”. Vulgo, maquiavélico.
A seu tempo se verá. De certo temos andar muita gente ansiosa pelo fim do seu mandato, pois neste crescendo de inoportunidades, corre o risco de se tornar uma espécie de “bobo da corte”, para gáudio e troça de quem o ouve, por cá e lá por fora.