Entre políticos do cochicho e fanadas “duquesas de Windsor” – a ministra da Saúde não é a Rainha de Inglaterra, diz ela e nós acreditamos – vai fluindo a governança em vigor, país afora, em contra-corrente, da foz para a nascente, até às mais remotas províncias ultramontanas.
O primeiro-ministro vê-se com escândalos atrás de escândalos caídos no cálido regaço. Provavelmente nem mereceria tantos. É a vida…
Os “casos e casinhos” sucedem-se perante a impenetrabilidade esfíngica e a arteirice astuta do governante – pois não ignora que ao fim de uma ou duas semanas tudo escorrega viscoso para o limbo do esquecimento.
E é esta desmemória ou ligeireza do povo português – acriticismo, dizem alguns –, sempre preocupadíssimo só com as vitórias e derrotas do seu clube de futebol – que vai permitindo a impune e reiterada sucessão dos escarcéus.
Aqui pelo burgo diz-se que são infindáveis as manobras de promoção das claques e dos cheerleaders. Alguns com bênção de santos poderosos – valha-lhes S. Escribá – outros até com a de santinhos rústicos de pagela e singeleza, como o querido São Macário — corte celestial poderosa que concorre para conceder graça, mercê e dádiva aos codiciosos cortesãos cíclicos e rotativos da polis.
Esta saga, muito provinciana e chilra quase nos faz lembrar o grande Camilo e a sua “Corja”, na sucessão de imutáveis hábitos modelados em “A Queda de um Anjo”, gaio e satírico palco do estimado Calisto Elói de Silos e Benevides de Barbuda, morgado da Agra de Freima, impado e em sodoma e gomorra soçobrado.
Estas pindéricas avestruzes a grua erguidas, mais tarde ou mais cedo caem na esparrela, como João Torto, de se sentirem capazes de todas as façanhas.
Até de voar…
(Foto DR)