Um país a dois tempos, morno, cinzento, medíocre…
Esperava-se da maioria deles que conseguissem ser mais produtivos e se elevassem uns centímetros do circo mediático e da chicana política com a qual, em inúsito histerismo, muitos deles, têm brindado os seus eleitores. Eleitores que se questionarão se foi para tal farsolice que os elegeram e se questionam, cada vez mais frequentemente, se vale a pena ir votar ou se é melhor ir jogar dominó para o café ou passar um soalheiro dia à praia.
Portugal, depois do omnipresente futebol, está amarrado ao caso Galamba, que se tornou um produto tóxico e erosivo após o célebre e lastimável caso do “computador roubado”. Um folhetim sem fim e de muito mau-gosto. A oposição ao governo, essa, sem mais argumentos profícuos para entretecer, cavalga com entusiasmo e frenesim esta onda de escassa água e muita espuma.
As CPI tornaram-se quase grotescos tribunais de Inquisição, cheias de ardentes torquemadas e medonhos savonarolas, onde se fazem ajustes de contas velhas e, entre “vossas excelências” de apurado cinismo, se escoam horas sem fim de refinada mesquinhez e nula improdutividade, numa espécie de “big brother” para entediados ociosos.
Entre deputados piadéticos e outros pelo fervor ascético e pela luz iluminados, lançam-se boomerangs, terçam-se adagas e espadas, felizmente que não de toledano aço, mas de plástico sem qualidade. Pelo menos até dia 15 de Junho, data das ansiadas (e merecidas?) férias e até aí por volta do 15 de Setembro.
Depois entra-se no costumeiro “ramerame”. Segunda-feira em contacto com os eleitores (nunca fui contactado. O leitor alguma vez foi?). Os restantes dias, fluem pacatos entre reuniões plenárias e das comissões parlamentares, decerto de muito desgaste físico e neuronial…
Pela minha parte, cada vez mais menos me revejo nesta “classe cheia de mordomias, ostentando muita parra e pouca uva. E o leitor?