O tempo parecia que tinha mais tempo…

Sou do tempo do rapa, do pião, de saltar à corda e jogar ao ró-ró é às escondidas, havendo brincadeiras para todas as épocas e idades.

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  • 11:17 | Sexta-feira, 24 de Janeiro de 2025
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Sou do tempo em que apenas havia dois canais de televisão, a preto e branco, onde nos deliciávamos a ver a Heidi e o Pedro nos seus Alpes e as desgraças do Marco sempre em busca da sua mãezinha.

Sou do tempo de uma Casa na Pradaria, do Sandokan e dos filmes nas tardes de domingo.

Sou do tempo em que apenas os rapazes jogavam à bola e andavam de bicicleta, tornando-se uma tortura para atrevidas como eu e a minha irmã Tila.


Sou do tempo em que se lavava a roupa no rio e se ia à fonte da Tulha buscar água e espreitar os namorados que frequentemente se abeiravam do tanque e atiravam um pouco de água à sua preferida num ritual de namoro único e sedutor.

Sou do tempo do amolador de tesouras e do vendedor de sardinha.

Sou do tempo dos cueiros de pano e das chupetas feitas de açúcar enrolado num pano como se fosse uma tetina.

Sou do tempo em que as máquinas fotográficas tinham rolo e demoravam dias a ser reveladas no fotógrafo e muitas vezes nenhuma se aproveitava. Que desilusão!

Sou do tempo em que íamos à feira duas vezes por ano, no Natal e na Páscoa comprar roupa nova para toda a família e não raras vezes era uma choradeira porque os gostos da mãe não coincidiam com os nossos.

Sou do tempo do rapa, do pião, de saltar à corda e jogar ao ró-ró é às escondidas, havendo brincadeiras para todas as épocas e idades.

Sou do tempo em que na escola a lousa era um objecto que nos igualava e a Parker de tinta permanente no dia dos exames nos distinguia.

Sou do tempo …sou do tempo…em que o tempo parecia que tinha mais tempo…

Ondina Freixo

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Publicado em Opinião