O país do é preciso

É o caso recente de um tal Galamba, de uma irreverência calada a troco de um cargo, que se permitiu classificar um programa de investigação como "coisa asquerosa" e "estrume".

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  • 17:36 | Terça-feira, 11 de Maio de 2021
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Arde o país, é preciso repensar a floresta. Continua a arder o país, é preciso averiguar responsabilidades. Mata-se um imigrante, é preciso apurar o que se passou. Faz-se uma cimeira europeia, é preciso que cada país faça o trabalho de casa. Há aldrabice no Novo Banco, é preciso uma auditoria.

Há dúvidas sobre dívidas obscenas aos bancos, é preciso chamar os caloteiros à AR. Se queremos pensar o futuro do país, é preciso contratar alguém fora do governo. Premeiam-se os administradores do banco dos prejuízos, é preciso que haja moral.

Há um sub-mundo em Odemira, é preciso tirar consequências. Somos férteis nos diagnósticos, mas desastrados nas conclusões, improdutivos nas soluções. Ficamos sempre pelas intenções, muito pelo querer, pouco pelo fazer. Às vezes, somos mal-educados. Broncos, é pouco.


É o caso recente de um tal Galamba, de uma irreverência calada a troco de um cargo, que se permitiu classificar um programa de investigação como “coisa asquerosa” e “estrume”.

Quer-se dizer, vivemos, então, em ambiente de estrebaria. Ter-se-á esquecido que não há democracia sem uma informação livre, mesmo que doa. É a velha história de estarmos de acordo com o que nos convém e desdizermos do que nos incomoda. Um governante que assim se comporta, só tem uma saída, a porta para a rua. A juventude deu-lhe para o azedume e o cargo subiu-lhe à cabeça. Depois, irrequieto e medroso, escondeu-se atrás das giestas como se nada fosse com ele, repetindo a mesma traquinice, feita, em tempos. É o mesmo que, pelo lítio, teve de fugir do povo que se manifestava. E parece não haver quem ponha o “menino” na ordem. Dou-lhe um conselho: vá tocar campainhas!

Para completar a porcaria, vem o ministro da tutela dizer que o assunto está encerrado. Como se a asneira se calasse por decreto. Um governo decente e que se queira dar ao respeito, não pode ter dirigentes de tão baixo calibre. Haja regra na casa comum. Começa a ser penoso este fim de ciclo…

 

(Foto DR)

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Publicado em Opinião