Não faço a mínima ideia dos atributos exigidos para se ser ministro.
Posso conjecturar que a filiação partidária será importante, pese embora haver ministros “independentes”, ou seja, só simpatizantes.
A seguir, na minha candura, apostaria no mérito e na competência. A História da IIIª República já nos provou haver grandes ministros e ministros sem um mínimo de qualidade ou preparação.
Finalmente, serem sérios. A História também já nos provou havê-los e haver outros que foram uns criminosos, julgados e condenados pelos seus actos enquanto gestores da coisa pública.
A actual ministra da Saúde, Ana Paula Martins, no início da sua ministerial carreira ainda não pode ser julgada pelo alcance e competência dos seus actos. Não obstante, para o pouco tempo que leva no cargo, já alcançou um bom “score” de “inconseguimentos”, como diria uma sua correligionária.
Depois de se ter referido às lideranças fracas, palavras que motivaram a demissão em bloco da administração do CHTV, por alegada “quebra de confiança política”, veio hoje dizer que, acerca destas palavras foi “mal interpretada”.
Acrescem outras atitudes, também decerto mal interpretadas, como o que se passou com a antiga ministra da Saúde e Provedora da Misericórdia de Lisboa, Ana Jorge, com o director executivo do SNS, Fernando Araújo, et al.
Ana Paula Martins, no afã de se explicar, com arrogância reiterou: “Terei de ser suficientemente humilde para perceber que não foi assim interpretado” (..) “temos mesmo de ter atenção a quem escolhemos para liderar as nossas equipas.”
Ora é isso mesmo… uma dose de humildade não lhe assentaria mal; quanto a nós e a milhares de concidadãos da senhora ministra, enquanto observadores atentos, iremos perceber quem vão ser os nomeados para a administração do CHTV e perceber ainda a lógica da “atenção” nos restantes nomeados para servir, sob a sua tutela, o SNS.
O semiólogo Roland Barthes escrevia em “O Rumor da Língua” (edições de 70, 1987):
“A fala é irreversível, é essa a sua fatalidade. O que foi dito não se pode emendar, salvo se for aumentado: corrigir é, aqui, estranhamente acrescentar. (…) A esta singular anulação por acrescentamento chamarei ‘engasgamento’. O engasgamento é uma mensagem duas vezes falhada: por um lado compreende-se mal; mas, por outro, com esforço, apesar de tudo compreende-se.”