O debate PSD – Chega

Num berreiro do tipo quem fala mais alto é o melhor, as pataratices acerca do RSI e “do Mercedes à porta”, da prisão perpétua, da castração química, das pensões dos reformados… tornaram-se no rufar do bombo deste político, oriundo do PSD e tergiversado para o populismo demagógico, do berreiro e da peixeirada, estilo italiano, mas copiado dos piores modelos e exemplos.

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  • 13:56 | Terça-feira, 04 de Janeiro de 2022
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Não sou fã de debates e raramente deixo alguma coisa que esteja a fazer para assistir expressa e propositadamente a bate-bocas desses. Porém, ontem, coincidiu ligar a televisão no início da “contenda” entre os líderes do PSD e do Chega. E lá me deixei ficar…

E lá me deixei ficar a tentar dilucidar não o conteúdo – assunto raramente inovador e já estafado – mas a forma de agir e a retórica em que essa forma se embrulha para o pleito.

O modelo de debate não é grande coisa. Escasso o tempo. Moderadora de mérito reconhecido mas que pouco moderou perante um Rui Rio educado, contido, correcto, explicativo e… o líder do Chega a agir como é de seu hábito, como um arruaceiro, aos ziguezagues, afirmando e negando – a verdade é-lhe meramente figurativa – e cortando constantemente a palavra ao seu interlocutor, não o deixando expressar as ideias, recorrendo aos papelões imprimidos para acenar com eles às câmaras, incorrecto, tentando impor a todo o custo a sua putativa percentagem de votos para formar coligação e abocanhar uns ministérios, enfim, fica-se com a ideia de estarmos perante um rapazola que bebeu meio litro de red bull, inebriado numa auto-estima megalómana, achincalhador, desrespeitando as regras da educação e da mais básica civilidade, para vender a qualquer custo a sua banha da cobra, baseada em generalizações sem sumo nem substrato, agarrado à tónica da agressividade e do ressentimento.


Num berreiro do tipo quem fala mais alto é o melhor, as pataratices acerca do RSI e “do Mercedes à porta”, da prisão perpétua, da castração química, das pensões dos reformados… tornaram-se no rufar do bombo deste político, oriundo do PSD e tergiversado para o populismo demagógico, do berreiro e da peixeirada, estilo italiano, mas copiado dos piores modelos e exemplos.

Bom actor, com carinha de “queque da linha”, até fica bem no retrato à la minuta… mas “esbardalha-se” todinho quando abre a boca para a opugnação e para a investida enfunada de hostilidade, por vezes pífia, como se fosse um jogo de piões no recreio da escola, outras uma taurina arremetida de coliseu.

Rui Rio, tal um cavalheiro, não está afinado no mesmo diapasão nem no mesmo ritmo e não desce à regueira da sarjeta. Mas também não foi capaz de, com veemência, chutar para bem longe o peralvilho e demarcar-se inequivocamente de um possível acordo com ele a 31 de Janeiro. Mesmo tendo já provado o veneno da cicuta ingerida nos Açores…
(Foto DR)

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Publicado em Opinião