Novo ano escolar: baralhar e dar de novo
Desde o 25 de Abril que a Educação em Portugal muda de regras ao ritmo das mudanças eleitorais. Muda a cor política no Ministério da Educação e muda tudo. Os alunos e professores que se aguentem com tanta mudança: do nome das disciplinas aos programas, dos exames obrigatórios à duração dos manuais escolares, […]
Desde o 25 de Abril que a Educação em Portugal muda de regras ao ritmo das mudanças eleitorais.
Muda a cor política no Ministério da Educação e muda tudo.
Os alunos e professores que se aguentem com tanta mudança: do nome das disciplinas aos programas, dos exames obrigatórios à duração dos manuais escolares, das habilitações para dar aulas às regras dos concursos de professores, da nomenclatura oficial até às regras mais básicas, não há nada que fique quieto e que dê segurança a quem atravessa o território da Educação em Portugal. É terreno minado, portanto.
Se atentarmos neste pequeno detalhe – um de que à Educação devemos o futuro, todo o futuro – é preocupante que a maioria dos cidadãos encare com razoável bonomia e placidez tudo quando o “sistema educativo” lhes impinge de novo, ano após ano.
Primeiro como professora, depois como encarregada de educação, assisto há décadas à aceitação calada de tudo quanto emana do sacrossanto Ministério da Educação, por parte da comunidade educativa.
Pois que é lei.
Pois é.
Também os maiores disparates do mundo foram lei enquanto duraram. Até ao dia em que nos pomos a pensar se as coisas fazem sentido.
Agora imaginem qualquer organização que conheçam, do café à fábrica de moldes, do hospital ao tribunal, da pequena loja à gigante Zara a mudar de regras de 4 em 4 anos. Mudar de funcionários, mudar de regras para contratar funcionários, mudar as regras dos clientes, mudar o nome das peças de vestuário – as calças chamarem-se tubos de pano ou coisas para enfiar as pernas – tal como a Biologia e a Geologia que já foram uma única coisa reunida numa disciplina chamada Ciências da Terra e da Vida, por exemplo.
Se a mudança faz parte da vida e permite acomodar a dinâmica própria de um mundo que se transforma e renova constantemente, a mudança sistemática – sobretudo sem que a mudança traga melhorias significativas – é um desperdício estéril e perigoso.
Pensar a Educação é pensar o Futuro. Não o quintalinho da escola dos nossos filhos, não a carreira dos professores que temos na família, não a escolinha perto de nossa casa, mas o todo. O todo no espaço do país e o todo no tempo do futuro.
Na Educação temos de ter os melhores professores, edifícios, equipamentos, manuais e programas.
Mas na Educação temos de ter pais interessados, que não se demitam de tudo o que se passa dentro de uma Escola e de como se passa.
Com o novo ano lectivo a rebentar por estes dias é preciso que os pais vão às reuniões gerais, reuniões de turna e coloquem questões. Perguntem, indaguem – um pouco mais que a qualidade das refeições por favor – perguntem porque não há computadores suficientes, ou licenças de software ou ginásios, ou se os programas do ano anterior fora cumpridos e caso não tenham sido o que vão fazer com os bocados de matéria que ficou pelo caminho.
Ouvirão muitas vezes que “é uma directiva do Ministério”, que são regras, que é assim e pronto.
Não se resignem, se somos pródigos em mudanças sem sentido, que façamos força para que a mudança seja no sentido da estabilidade, do Pacto Educativo, da Educação com sentido.
Afinal o que está em jogo é só o Futuro.
O meu, o vosso e o das crianças de todos nós.