Ihor

Num país decente e lavadinho e com uma classe política bem frequentada, o ministro estava no olho da rua, despedido com justa causa, a fazer uma greve de zelo na AR, igual a muitos que por lá assinam o ponto.

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  • 13:55 | Sexta-feira, 11 de Dezembro de 2020
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Era uma vez um ucraniano que a 10 de Março, chegou a Portugal. Vinha à procura de trabalho não vinha para matar nem para roubar. Sem documentação válida, foi-lhe barrada a entrada. Três inspectores do SEF mataram-no.

O Estado português, através dos seus representantes, matou-o e tentou esconder o homicídio. Durante 9 meses, o governo e o PR não se dignaram contactar a família, o Estado não pagou a transladação do corpo e só agora, acossado pela comunicação social, parece que vai indemnizar a família, mulher e dois filhos. Durante meses, nenhuma responsabilidade política se apurou.

A 1ª autópsia feita no local ignorou as marcas de violência e apontou a causa natural como a origem da morte. Entretanto, a autópsia feita pelo IML apontou para ter sido vítima de murros e pontapés e ter estado várias horas sem assistência médica. Que teve uma morte lenta e agonizante, com lesões profundas e hemorragias. E o tórax a esmagar-se contra o solo.


Os inspectores do SEF justificaram-se com morte súbita. A troca de mensagens entre os inspectores é escabrosa, nojenta, boçal.

A responsabilidade civil e criminal não chega. Isso é para quando se atropela um animal de estimação. No caso, matou-se um homem e esconderam-se as razões.

Afastar as direcções intermédias é a melhor forma dos decisores políticos fugirem às suas responsabilidades e passearem o que parece continuar a ser uma impunidade, seja qual for o partido que se alapa na Praça do Império.

Num país decente e lavadinho e com uma classe política bem frequentada, o ministro estava no olho da rua, despedido com justa causa, a fazer uma greve de zelo na AR, igual a muitos que por lá assinam o ponto.

Se um general não tem mão nas suas tropas, muda-se o oficial. Decididamente, Cabrita não tem mãos para a coisa. Então, mude-se…e já é tarde!

 

(Foto DR)

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Publicado em Opinião