Homenagem a Soares
Morreu Mário Soares. Um homem que, pelo seu percurso de vida, ao serviço do bem comum, merece por parte de todos nós uma sentida e merecida homenagem. Mas também um homem importantíssimo pelas características da sua formação. Um político, de cultura, das humanidades, dos sonhos e da defesa dos valores da solidariedade, da fraternidade e […]
Morreu Mário Soares. Um homem que, pelo seu percurso de vida, ao serviço do bem comum, merece por parte de todos nós uma sentida e merecida homenagem. Mas também um homem importantíssimo pelas características da sua formação. Um político, de cultura, das humanidades, dos sonhos e da defesa dos valores da solidariedade, da fraternidade e da justiça social. Um político que soube conciliar o respeito pela dignidade das pessoas e os aspetos pragmáticos e inovadores que a política muitas vezes exige.
A morte de Mário Soares significa, pois, a perda de uma das maiores figuras, senão a maior, da vida política contemporânea portuguesa. Estamos a referir-nos a uma figura polémica e controversa, porque interventiva e comprometida com o devir social. Um incansável lutador e defensor da democracia parlamentar e da liberdade, que se opôs à ditadura de direita, de Salazar, e à ditadura de esquerda, do PREC. Foi ele quem verdadeiramente segurou a democracia, uma democracia civilista, fora da tutela das forças armadas e de qualquer tentativa totalitária.
Deste modo, todos os portugueses lhe ficam a dever a capacidade de luta por um Portugal aberto, plural, reformista, de ideais e legitimidade democráticas. Mas não só. Lembrar Soares é evocar decisões e instrumentos políticos marcantes. A título de exemplo, destaco a abertura do Palácio de Belém aos cidadãos, a proximidade com as populações, materializada na experiência das presidências abertas, o modo como exerceu a magistratura de influência no cargo de Presidente da República e o pedido e a assinatura do tratado de adesão de Portugal à CEE.
Assim, o meu sentimento para com Mário Soares é de gratidão. Mário Soares, apesar de nos ter deixado, vai continuar sempre a ser fixe.