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Paulo Neto
Depois da vitória de Portugal frente à Turquia, exacerbadora das abulias sanguíneas, os portugueses foram à praia ver o mar ou ficaram em casa a recuperar das emoções.
O país está plácido e calmo. Não há greves, não há manifestações, não há queixosos do SNS (o Guimarães já aplacou as suas iras), não há descontentes das forças policiais, decerto por já terem visto satisfeitas as suas reivindicações, os professores enterraram o machado de guerra na luta com o ME, os funcionários judiciais estão de bem com a tutela, as confederações agrícolas apaziguaram-se… enfim, a paz regressou a Portugal.
Agora só falta mesmo ganharmos o Euro 2024, o Costa ser nomeado presidente do Conselho Europeu, a PGR chegar ao fim do seu mandato, as barragens e as albufeiras encherem-se de água, os imigrantes ilegais legalizarem-se, a AT cobrar os impostos devidos à EDP, a abolição das portagens entrar em vigor, os combustíveis baixarem, o OE ser aprovado, os aposentados serem aumentados, o madeirense Albuquerque conseguir um mandato maioritário de um quarteirão de anos e o Ventura y sus muchachos ficarem afónicos até ao fim da silly season.
Penso não me ter esquecido de nada. Ou melhor, ficava por manifestar a devida gratidão a Luís Montenegro, o pacificador das hostes revoltosas, o milagreiro eficaz e efectivo que, bem-disposto e sorridente, soube trazer à tona a compreensão e os brandos costumes lusitanos e a todos prometer o Éden para amanhã.
E já agora, com o mês de Julho à bica, com o subsídio de férias a chegar, vamos todos levantar a moral, ser optimistas, torcer pela selecção e deixar angústias e aflições para depois de amanhã.
Pelos vistos, a culpa deste geral despautério era mesmo do António Costa… ainda bem que o MP lobrigou longe e pôs termo às suas rebeldias.
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