Fora da caixa

Voar com os instrumentos de navegação desligados é uma aventura perigosa e nada recomendável, num contexto de crise. Há que ligar os instrumentos de navegação e definir uma rota eficiente.  

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  • 23:15 | Quarta-feira, 22 de Abril de 2020
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Haverá poucas dúvidas, quanto ao aumento drástico das necessidades sociais que resultarão do impacto económico da pandemia. A cada dia que passa, torna-se cada vez mais urgente encontrar mecanismos compensatórios para a perda de rendimentos das famílias.

Persistem lacunas importantes com grupos ainda desprotegidos e procedimentos administrativos complexos, na obtenção das prestações sociais, levando a que nem sempre se chegue a quem mais precisa.

Urge pensar “fora da caixa” e desenhar um Plano de Emergência Social que combine uma resposta imediata às necessidades e a criação e implementação de uma nova prestações de apoio. Um apoio mais estruturado, articulado com os incentivos laborais, vinculado à pandemia e que agilize a articulação entre os diversos serviços.


Sistemas lentos e excessivamente burocráticos são mortais para o tecido social e poderá ter como consequência o colossal aumento da pobreza e da desigualdade social.

O Plano de Emergência Social permitirá que todos os atores se articulem em prol do objetivo comum, mitigar as dificuldades da comunidade, e prepararmo-nos melhor para uma putativa nova investida do vírus.

Voar com os instrumentos de navegação desligados é uma aventura perigosa e nada recomendável, num contexto de crise. Há que ligar os instrumentos de navegação e definir uma rota eficiente.

Porque estamos, claramente, na presença de um “Cisne Negro”, segundo o conceito de Nassim Taleb, um acontecimento invulgar, teremos que ser estar à altura do desafio que se apresenta à humanidade e encontrar soluções “fora da caixa”. Soluções estruturadas, financiadas e inclusivas que não passem pelas “caixas solidárias”.

Ontem, ao passar junto de um hipermercado de Viseu, senti uma profunda tristeza ao ver uma caixa de cartão, junto a um pilar, no passeio, com a mensagem “leve o que precisar, deixe o que puder”. Com todo o respeito pela ideia e por quem tem a boa vontade em ajudar quem possa precisar, considero que este não é um bom exemplo de respeito pela dignidade humana.

Caso precise, quer ir buscar alimentos a uma caixa deixada na rua?

A dignidade humana fica assegurada quando as pessoas expõem as suas necessidades, básicas, na via pública?

Como são garantidas as condições mínimas de segurança e higiene alimentar?

Os direitos humanos e a dignidade de todas e de cada pessoa não se compadecem com o assistencialismo imediatista e pouco digno de uma sociedade inclusiva, em pleno século XXI, num país europeu do “primeiro mundo”.

Unamo-nos e encontremos soluções fora da caixa!

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Publicado em Opinião