Estou mal habituado…
Habitualmente, neste período do ano, não estou em Viseu. Costumo estar no meu “porto de abrigo”, junto da família.
Porque já saí tarde para o almoço, decidi ir almoçar ao Palácio do Gelo. Péssima ideia!
O caos no estacionamento é um mal menor, comparado com a falta de civismo de alguns automobilistas. Não há paciência para tamanha falta de educação e respeito para com o outro. O “desenrascar”, tipicamente “tuga” (que, em muitas situações, poderá ser uma mais-valia), quando associado à “chico-espertice,” pode originar comportamentos desprovidos de quaisquer valores.
A história de hoje é tão simples quanto caricata…
Ao procurar um lugar para estacionar, deparei-me com uma jovem que estava a estacionar num dos corredores de circulação, impossibilitando a minha circulação e a de outros automobilistas. Como ainda estava no carro, pensei que não se tivesse apercebido, fiz-lhe sinal de luzes e começou um diálogo surreal:
– Eu: Desculpe, mas não pode estacionar aí, não será possível circularmos…
– Ela: Não me diga que quer estacionar…
– Eu: Quero, mas não nesse espaço porque não se trata de um lugar de estacionamento, apenas quero passar, tal como outros quererão…
– Ela: Está assim em todo o lado…
– Eu: Pois, mas está a impossibilitar a circulação…
– Ela: (furiosa) Não tem marcha atrás?
– Eu: Tenho, sim senhor.
– Ela: Não me diga, quer que tire o carro? (aos gritos).
– Eu: Claro!
Continuando a barafustar e a gesticular, lá retirou a viatura, deixando-me passar, mas voltou ao local, logo de seguida. Ao ver o segurança, avisei-o do que estava a ocorrer. Agradeceu e dirigiu-se ao local…
“Desabafei” no Facebook e percebi, pelos diversos comentários, que estou mal habituado. Transcrevo alguns comentários:
– Nuno Silva: “Temos muitas pessoas assim…tranquilo.”;
– Viriato Coelho: “Ahahahah quem está “bem” que se componha! Ahahaha.”;
– António José Coelho: “Isso até foi muito soft.”;
– Mário Rui Dias: “Já adverti os funcionários do Palácio (seguranças e rececionistas) para estas situações, com elas a ocorrer e à vista de todos. Ignoraram-me, olímpica e displicentemente.”;
– Natacha Martins: “Só estás a salvo em casa. Trancado e sem comunicações.”
Habitualmente, neste período do ano, não estou em Viseu. Costumo estar no meu “porto de abrigo”, junto da família. Em terras gélidas, na Alemanha, o frio é largamente compensado pelo calor do aconchego familiar. Encontro um sossego ímpar, apenas desafiado pelos aventuras partilhadas com a minha sobrinha, com quem faço dupla, aos comandos do Super Mário e do Super Luigi, dando o melhor para passar os vários níveis da Wii…
Não sendo um Super Condutor, nem um exemplo a seguir, parece-me que há atitudes inaceitáveis.
Este episódio trouxe-me à memória um pensamento de João Ubaldo Ribeiro (que chegou a ser atribuído a Eduardo Prado Coelho):
“Precisa-se de matéria prima para construir um País”.