Tem sido repetido vez após vez, mas será que o PS é mesmo o culpado de Portugal ter necessitado das intervenção do FMI?
A primeira intervenção foi em 1977, o PS era governo mas daí a ser responsável pela situação parece-me exagero.
Na verdade essa situação radica em três crises que se somam e a ela conduzem:
A crise petrolífera de 1973 produziu uma recessão mundial que reduziu a emigração e as remessas dos emigrantes;
A Revolução do 25 de abril teve um efeito nefasto, no imediato, na atividade económica;
O acumular de desequilíbrios externos ao longo de anos levou a uma crise da balança de pagamentos.
Quanto à intervenção do FMI em 1983 devemos recuar ao choque petrolífero de 1979.
A instabilidade política no Irão determinou um enorme aumento de preço do petróleo e daí ao descontrole das economias foi um salto.
As economias sofreram uma grande travagem e os países da então CEE entraram em recessão em 1980.
Em Portugal a situação tinha um contexto externo desfavorável e o Governo avançou com medidas de de estímulo ao consumo, ao invés do que no exterior se fazia.
A inflação subiu e a tentativa de controle administrativo de preços que acarretou desequilíbrios nas empresas, na economia. Assim voltou um novo agravamento da balança de pagamentos.
Para travar o défice externo o Governo, em 1982, adotou medidas opostas às que vinha a adotar nos dois anos anteriores.
Com tais medidas a recessão chegou como antes tinha chegado, v.g., aos países da CEE.
Na sequência das eleições de 25 de abril de 1983 foi formado um Governo suportado pelo PS, que ficou conhecido como Bloco Central que solicitou a intervenção do FMI.
Este foi o contexto que levou a intervenção do FMI em 1983.
Na Europa foram sobretudo afetados os países do sul e a Irlanda.
Portugal, como outros países, desenvolveu respostas de estímulo da economia que determinaram um aumento da dívida pública e o consequente encarecimento dos juros dos títulos da dívida pública .
Portugal foi apanhado porque atingiu níveis elevados de dívida pública e privada e vinha de uma série de anos de fraco crescimento.
O governo, liderado por Sócrates, tentou aplicar medidas que garantissem melhorar o financiamento.
Pese embora as várias tentativas plasmadas nos vários PEC, não teve êxito.
Rejeitado o PEC IV o governo apresenta a demissão e o pedido de resgate tornou-se inevitável e foi feito em abril de 2011.