O Decreto-Lei n.º 58/2016,
Artigo 3º
“Dever de prestar atendimento prioritário
1 – Todas as pessoas, públicas e privadas, singulares e coletivas, no âmbito do atendimento presencial ao público, devem atender com prioridade sobre as demais pessoas:
a) Pessoas com deficiência ou incapacidade;
b) Pessoas idosas;
c) Grávidas; e
d) Pessoas acompanhadas de crianças de colo. (…)”
Atendimento prioritário, nada contra!
É pacífico, curial, básico e cortês que um idoso, uma pessoa com uma criança ao colo, uma grávida, um cidadão portador de deficiência, passem à frente nas filas de espera, seja em serviços públicos ou privados. Até aqui, concordo plenamente.
Porém, hoje, estive 2 horas na fila para ser devidamente atendida na Segurança Social. Era só para entregar um requerimento. E sabem porquê tal espera? Por causa do atendimento prioritário. Estavam dois balcões em funcionamento, quando cheguei ia na senha número 20, e eu tinha a senha número 25.
Primeiro, chegam duas grávidas. Gravidez não é doença, mas como estão num estado debilitado…
Agora imaginem uma grávida toda “produzida“, com uns sapatos de enormes saltos altos e com cara de quem dormiu 10 horas durante a noite, mas com uma barriga para aí de 3 meses, que devia decerto ter frequentado algum curso ”pré parto “ e um work shop “como aproveitar ao máximo as condições de grávida”, a qual passou na fila de espera por ser prioritária e por ter manifestado estado e desiderato. Muito provavelmente estava bem-disposta, sem dores, muito senhora do seu “estatuto” e com nada que a impedisse de esperar pela sua vez, mas não, aproveitou a sua condição temporária de grávida.
Mas não ficámos por aqui, depois das duas grávidas, vêm dois homens e três mulheres. Uma das três mulheres trazia uma criança ao colo, a qual lhe deu o direito a passarem todos na fila como prioritários. Entretanto, uns ficavam sentados e iam passando a mesma criança de colo em colo. Muita “expertise saloia”…
No presente sucedido e relatado, estava eu, um senhor que começou a reclamar, dizendo que o estava a acontecer era uma grande falta de respeito, e uma senhora idosa que entrou pouco depois de mim, se sentou e aguardou a sua vez sem ser imediatamente atendida, porque poderia também tê-lo feito, por ser prioritária, mas ao contrário de todos os outros foi honesta, não precisava do atendimento prioritário mesmo tendo a ele direito.
Mais do que leis ou autocolantes, o civismo devia imperar. O que infelizmente não acontece. Há lei por decreto, lastimável que a educação, que deveria vir do berço, não venha também por decreto…