As violações sexuais

É avisado ter em conta que os predadores sexuais tanto se escondem em mentes sombrias de gente pacata, absolutamente insuspeita, como se expõem na cara de monstros descarados, sempre de desconfiar.

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  • 15:47 | Segunda-feira, 27 de Março de 2023
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As violações sexuais, ao que parece, aumentaram 30%, em Portugal, nos últimos anos.

Tudo aumenta neste cantinho, menos o que tanta falta nos faz… É um acréscimo significativo que deve deixar cair por terra o já há muito desajustado epíteto de gente de brandos costumes. Quando dá para o torto, somos como os outros…

O sexo é bom, mas quando é apetecido, partilhado, consentido, desejado. A violação sexual é por si só uma violência e encerra uma brutalidade que só tem assento em cabeças desmioladas e justificação em cérebros doentios.

É avisado ter em conta que os predadores sexuais tanto se escondem em mentes sombrias de gente pacata, absolutamente insuspeita, como se expõem na cara de monstros descarados, sempre de desconfiar.


O parlamento divide-se, por ora, na tipificação deste crime horrendo. Crime público, não carecendo de participação para o processo correr? Sim, penso que sim, por todas as razões e mais duas, que podem levar a que o crime fique no silêncio e impune: a vergonha da vítima e o receio de represálias que venham da parte do agressor. São motivos que podem fazer inclinar o prato da balança para quem reclama a denúncia como condição, mas julgo que a atrocidade do acto justifica plenamente que basta o conhecimento para que a justiça faça o seu caminho.

É arrepiante pensar nos traumas, nas memórias que ficam em quem é objecto de tamanhas sevícias, nas vidas estragadas que ficam sem conserto para todo o sempre. Só um tresloucado pode tirar prazer de um acto não consentido, mas há muito esgrouviado escondido nas bouças da via pública, à cata de uma oportunidade para se babar com o corpo que não é seu. Tarados.

Este é mais um dos crimes bárbaros que proliferam na sociedade, a maior parte sem sair do anonimato por pudor e por medo. Por tudo isso, assinaria de cruz qualquer petição que fosse no sentido de considerar a violência sexual como um crime público. Se a violência doméstica já o é, e bem, não sei por que razão este outro não deve sê-lo também.

 

Só de pensar na prática suja e nojenta, dá ganas de meter essa gente na cadeia, em prisão preventiva. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra, mas tenho para mim que o Direito Penal português é demasiado garantístico dos direitos dos arguidos, e com isso protege muitos facínoras.

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Publicado em Opinião