Mudam-se os tempos mudam-se as vontades, escrevia Camões. De facto, os conceitos alteram-se com o passar do tempo. O caso das vedetas é disso exemplo.
Uma vedeta era há bem pouco tempo alguém que se evidenciava por obras meritórias, por qualidades diferenciadoras, por genialidades distintivas.
Camões bem sabia o que escrevia neste verso “Aqueles que por obras valerosas / Se vão da lei da morte libertando.”
Hoje, as vedetas, aqueles sobre quem as primeiras páginas de jornais, revistas, televisões falam, as novas vedetas chamam-se Rendeiros, Pinhos e outros que tais.
Não são cientistas, não são atletas, não são artistas, não são heróis, não são campeões, não são valentes, não são paladinos… São banqueiros fugitivos condenados por fraudes e roubos e políticos acusados de corrupção.
Se o crime compensa ou não só o tempo o dirá. Esta expiação pública é mais ou menos passageira e amanhã, ou num porvir próximo, umas quaisquer ilhas Cayman trarão o bálsamo que curará as feridas, a mais das vezes, dos egos megalómanos agora esvaziados.