Hoje, à hora do almoço éramos quatro, à volta de um arroz de feijão com uns bons bifes. Palavra puxa palavra e do meu pai a falar dos tempos em que se passava muita fome e frio, passamos para as casas onde pelo menos não faltava o leite e o pão. Do leite passamos ao queijo e deste às ovelhas e vacas.
Os meus contadores de histórias informaram-me com todo o realismo como ao grandes rebanhos chegavam até à Tulha, largo principal da minha terra e onde os pastores com os seus cajados e as suas mantas de lã, vendiam o leite que ordenhavam às ovelhas e cabras para depois as mulheres alvitanas fazerem o queijo.
Contaram que os pastores traziam sempre dois ou três jumentos onde em alforges carregavam as coisas de que necessitavam para fazerem a travessia e onde metiam um ou outro cordeirinho que nascia pelo caminho.
Por fim abrilhantaram a história com a mestria com que os pastores exibiam as suas ovelhas que respondiam de acordo com o assobio e até davam a volta ao largo sempre acompanhadas por três ou quatro cães que obedeciam igualmente ao seu dono sem nunca descurarem a guarda do rebanho.
(Fotos DR)