A tempestade Chega veio dos Açores e chegou ao continente provocando forte ondulação no PSD.
Só para aqueles que seguem a política com um certo distanciamento social é que a solução política parlamentar encontrada para governar os Açores pode ser considerada novidade.
Não causa estranheza a maioria parlamentar de direita encontrada para os Açores. O que se estranha é o acordo e a solução governativa encontrada passar pelo Chega, um partido que parecia mais focado em destruir o poder do que em viabilizar o seu exercício.
Rui Rio pode arengar mil e uma desculpas para o acordo, mas a única que verdadeiramente convence é a do afastamento do poder do PS ao fim de 24 anos de governação, em particular de Carlos César e da sua família de encostados.
Com Rui Rio o PSD revelou-se ainda mais aquilo que sempre foi em política: interesseiro.
Interesseiro, porque se olharmos para trás para o casamento com o CDS, e sempre que deste se pariram coligações, o único objetivo destas era alcançar ou manter o poder, fazendo cair quem até então o exercia.
Esta premissa é tão válida para as eleições legislativas, como para as eleições autárquicas.
O PSD olha agora para o Chega, como um quarentão olha para as curvas de uma mulher de vinte e poucos anos. Deseja-as, mas quer continuar a manter um casamento de aparências com o CDS, que parece consentir e até gostar deste triângulo, auxiliado pelas tias Iniciativa Liberal e PPM, que sabem que um dia o quarentão charmoso deixará de ter pedalada para a jovem e imoderada de vinte e poucos anos, personificada pelo Chega.
Esta atração pelo Chega anima a política nacional e pode não ser fatal para o PSD, já para Rui Rio…