Albert Camus, no romance “A Peste” (1947) – alegoria da invasão da França pelos nazis, durante a IIª GG – fala-nos dos ratos que surgem, mortos, de repente, por toda a parte, na feliz e pacata cidade de Orão, na Argélia, ainda sob o domínio colonial dos franceses.
São portadores do bacilo da peste, aquele que nunca desaparece, ficando incubado, adormecido, pacientemente à espera durante dezenas de anos até ao dia em que, para infelicidade e ensino dos homens, de novo, “a peste acordaria os seus ratos e os enviava para morrerem numa cidade feliz.”
Estes propagadores do mal surgem ciclicamente um pouco por toda a parte e sob diversas formas.
Uma delas são também as carraças, aqueles pequenos aracnídeos com milhões de anos, propagadores de uma enorme variedade de maleitas.
Estas carraças são como uma praga e têm o seu habitat tanto nas cidades como nos campos. Alimentam-se do sangue de seres vivos – homens e animais – e propagam diversos vírus e bactérias transmissores de plurais doenças.
Ultimamente, ratos e carraças aparecem por toda a parte, com principal incidência em determinadas zonas do globo, em países como a Rússia, a Coreia do Norte, o Brasil, a Venezuela, a Argentina, os Estados Unidos da América e, na sua agora permanente e dinâmica irradiação pestífera, até a Portugal já chegaram, incubados que estavam desde 1974.
Aspiram ansiosa e doentiamente pelo poder a fim de instaurar o despotismo dos extremos.
Precisam como do pão para a boca do apoio das forças de segurança, dos militares e do controle dos meios de CS.
Carraças e ratos são semelhantes, não na sua alegórica e camaleónica forma, mas nos intuitos que detêm e nos objectivos que avidamente perseguem.
Com eles e através deles o mundo torna-se um infecto antro de opressão e supressão de direitos e de liberdades onde, as elites dominantes, pela autocracia, pela repressão, pela violência e dominação, se tornam os algozes de cidadãos outrora felizes, como aqueles, em Orão, na década de 40 do século passado, que pagaram muito caro a sua indiferença, alheamento, credulidade e cumplicidade…