A ilusão

Ao ritmo galopante a que os juros do BCE estão a subir, ninguém garante que "amanhã", muitos que não estão em esforço, não se sintam em aflições para satisfazer o que hoje parece fácil e confortável, e não venham a viver situações de incumprimento, "obrigados" a renegociar os empréstimos.

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  • 15:57 | Segunda-feira, 03 de Julho de 2023
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A vice-governadora do Banco de Portugal, Clara Raposo, disse, alegre e bem disposta, com ar triunfalista, que o Banco de Portugal vai rever o cálculo da taxa de esforço, permitindo, desse modo, que mais famílias possam vir a ter acesso ao crédito à habitação.

E disse-o como se estivesse a facilitar a vida a futuros compradores de casa e, assim, a prestar um grande serviço à Nação.

Digamos que com esta medida, uma discreta e habilidosa promoção do acesso ao crédito, se podem estar a colocar os portugueses na boca do lobo e a atraí-los para a desgraça.

Ao ritmo galopante a que os juros do BCE estão a subir, ninguém garante que “amanhã”, muitos que não estão em esforço, não se sintam em aflições para satisfazer o que hoje parece fácil e confortável, e não venham a viver situações de incumprimento, “obrigados” a renegociar os empréstimos.


Daí que me pareça imprudente a revisão da taxa de esforço que poderá levar ao engano os mais optimistas, vista a situação na perspectiva do imediato.

Baixar as gordas taxas de juro cobradas pela banca, olhando aos lucros fabulosos que exibe, isso era serviço limpo e as famílias podiam olhar o futuro com outra sustentação e garantia.

E o governo e o banco central têm meios para o fazer. Assim o queiram.

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Publicado em Opinião