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A arranca das batatas

Era aqui que entrava a criançada. De pé descalço na terra macia acabada de cavar lá andávamos nós a ajudar os adultos e a aprendermos que sem trabalho nada se consegue.

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    • 10:02 | Segunda-feira, 02 de Setembro de 2024
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    A arranca das batatas era de todas as tarefas agrícolas aquela em que a criançada mais se divertia. Esta atividade exigia muita mão de obra e como o meu avô dizia: o trabalho do menino é pouco mas quem não o aproveita é louco.

    Os homens e as mulheres mais robustas arrancavam as batatas com as enxadas e deitavam-nas para trás formando vários carreiros. Cabia às restantes mulheres e à pequenada apanhar as batatas para as cestas de silva e depois colocá-las nas sacas de sarapilheira. Aqui tinha que haver muito cuidado na escolha. Primeiro apanhavam-se as batatas de semente, que seriam utilizadas pelos próprios no ano seguinte ou vendidas a quem não as produzia. Depois escolhiam-se as batatas de consumo que eram para gasto de casa e finalmente o refugo. O refugo era formado pelas batatas rachadas, pelas mais pequenas e pelas defeituosas. Era aqui que entrava a criançada. De pé descalço na terra macia acabada de cavar lá andávamos nós a ajudar os adultos e a aprendermos que sem trabalho nada se consegue.

     


    Era uma festa e quando chegava a hora da merenda a sardinha e as batatas assadas com a rama seca das batateiras regalava miúdos e graúdos!

    Na arranca das batatas cada um sabia exatamente o que lhe competia fazer e se por qualquer motivo alguém se atrasava na tarefa, outros vinham dar uma mãozinha. Aqui era um por todos e todos por um num trabalho de equipa em que o sucesso de um era o sucesso de todos.

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