A Associação Empresarial da Região de Viseu, O Instituto Politécnico de Viseu, o Instituto Piaget, Cooperativa para o Desenvolvimento Humano, Integral e Ecológico, SARL estão desde Outubro de 2018 ligados numa parceria, sem fins lucrativos, escreveram eles, denominada “Vissaium XXI – Associação para o Desenvolvimento de Viseu”.
Segundo a escritura, a “associação tem por objecto promover o desenvolvimento económico de Viseu e a sua inserção no circuito do conhecimento tecnológico, criar um ecossistema regional e transfronteiriço de empreendedorismo de base tecnológica e de inovação tecnológica, estimular a actividade empresarial e o empreendedorismo social e económico, incluindo ambiental e no sector primário, favorecer a coesão territorial e promover uma gestão inteligente e inovadora da cidade, através da realização de iniciativas e da concepção, desenvolvimento, gestão, realização de projectos, ou da sua participação nestes, estimulando uma articulação em rede entre as instituições universitárias e de ensino superior localizadas em Viseu, as empresas e as organizações especialmente relevantes para o desenvolvimento dos projectos a concretizar, incluindo entidades da administração central e local.”
Ufa! É obra! Só aqui faltam as autarquias, mormente a de Viseu, para esta Vissaium XXI me fazer lembrar distantemente a recém-extinta (na AIRV) Lusitânia, ADR (Associação de Desenvolvimento Regional), que nunca se soube inequivocamente ao que veio, muito envolta em névoa, pouco clara e muito gastadora… falava-se em 25 milhões de euros “perdidos no éter”.
A AIRV sempre esteve muito vocacionada para gerir dinheiros comunitários, tendo quase perpetuado como gestor-director-administrador o omnipresente João Cota. E quando dela ele se ausentou por escasso período de tempo e imperiosidade estatutária, deixando no seu lugar por uns tempos Carlos Marta, logo criou o CERV, espécie de fusão entre empresários e comerciantes, que muito proveito deve ter dado a todos, em termos de mais-valias no investimento do florescimento das empresas e comércios locais. O CERV devia também gerir fundos comunitários. Esperamos que o tenha feito, em grande quantidade e com a qualidade a que o gestor Cota sempre habituou todos os parceiros que com ele se envolvem nestes projectos.
Desta feita, vem o “Vissaium XXI”. O nome é bonito e soa a muito antigo, e “vem promover o desenvolvimento económico de Viseu”, o que é deveras promissor. Talvez até suprir uma inépcia e/ou incapacidade do município? Tem um Conselho Superior que zelará pela eficácia do projecto, tem um coordenador/director executivo e membros do secretariado técnico. Uma despezona…
Se para o Piaget, investir para se “remoçar” é quase uma questão vital, para o IPV, instituição pública, não estamos a ver bem de qual engenharia financeira se vai servir para pagar os encargos inerentes, sendo evidente que, no bom estilo, por exemplo da ADDLAP, contarão com o ovo ainda na galinha, para tornarem elegíveis despesas a serem liquidadas pelo que “há-de vir”…
Estas três instituições e todos os eventuais sócios do porvir entram na Vissaium XXI para se sentarem à mesa dos fundos comunitários? Ou estarei enganados?
Onde é que eu já vi isto?
No Artº 47 dos seus estatutos explica-nos de onde lhes vêm as receitas:
“Constituem receitas:
a) As quotizações dos associados;
b) As quotizações extraordinárias, destinadas a suprir dificuldades financeiras extraordinárias que possam ocorrer;
c) O produto das unidades de participação;
d) As comparticipações, subsídios ou donativos concedidos por quaisquer entidades de direito público ou privado, nacionais ou comunitárias, bem como heranças ou legados;
e) Os apoios de natureza financeira ou patrimonial que lhe sejam concedidos para a realização dos projetos, investimentos e iniciativas;
f) Os rendimentos de depósitos e aplicações financeiras;
g) O produto da venda de publicações e de outros bens e serviços;
h) O produto da realização de estudos, inquéritos e outros trabalhos ou serviços prestados, incluindo os decorrentes da propriedade intelectual, no âmbito das suas competências;
i) Os valores cobrados pela organização de cursos, seminários ou outras ações de formação;
j) Quaisquer outras receitas que lhe sejam atribuídas por lei, contrato ou outro título.”
Ao que julgo crer, o grosso da receita é previsível vir de entidades comunitárias. Resta-nos desejar à AIRV, ao IPV e ao Instituto Piaget o maior sucesso neste desiderato, que decerto, vai levar Vissaium para o século XXI em termos de “desenvolvimento regional”.
Logo a 16 de Outubro, Cota convocou a Assembleia Geral da Vissaium XXI que se realizou na sede da AIRV e com a seguinte OT, da qual ressalta o ponto 4…
“1) – Nomeação dos primeiros órgãos sociais para o quadriénio de 2018/2021.
2) – Tomada de posse dos órgãos sociais designados.
3) – Definição da participação de cada sócio no fundo social.
4) – Aprovação da proposta do projeto a candidatar ao Centro 2020 – Infraestruturas Tecnológicas (IT) da Região Centro.
5) – Apreciação e Discussão de outros assuntos de interesse da Associação.”
Boa sorte e que o Centro 2020 compreenda e incorpore o V. alcance, competência e capacidade!