Introdução:
Almeida Henriques, em prol do apregoado e abençoado progresso e melhoria da qualidade de vida dos seus munícipes, na 2ª feira arranca alcatrão, na 3ª feira põe alcatrão. Aquilo até parece um pêndulo de relógio…
Claro, no intervalo das “festarolices” e enquanto os seus geniais “crânios” pensantes, no seu laboratório de ideias mirabolantes, não congeminam mais um imposto, um parque de estacionamento, a forma de privatizar a água ou a maneira de promover um vinho.
Entretanto, as longas filas na circular externa, arrastam como caracóis centenas de veículos, com ocupantes pacientes e só culpados de apenas quererem ir trabalhar.
Episódio 1:
Um familiar, nonagenário, deu entrada ontem nas urgências do Centro Hospitalar Tondela Viseu, através do INEM, às 16H00.
Às 23H00, sete horas depois, ainda permanecia na maca, no corredor, à espera de ser consultado. Corredor esse onde a fila de macas chegava às portas e ainda fazia circunvoluções.
Ainda se teve que lá ir levar uma manta, pois com a pressa, o idoso tinha sido levado em pijama e sentia muito frio.
O que parece ser absolutamente indiferente àquela gente. São “velhos não prestam”… Ou, ao estilo de McCarthy, “Este país não é para velhos”.
Este hospital parece ser hoje a cara da sua inglória administração em fim de linha, que uns autarcas da mesma cor laranja andam a louvaminhar entre si, com medalhas de mérito e outras agraciações de muito merecimento corporativo.
Mas mais do que isso, é em geral o rosto de um cobrador de impostos de nome Paulo Macedo, chamado por Passos Coelho para desmantelar o SNS.
Estes tipos também devem chegar à velhice, mas quando precisarem de cuidados de saúde serão acolhidos de braços abertos nas clínicas privadas que ajudaram a nascer, como a humidade aos tortulhos, na caruma de outono.
Episódio 2
Hospital de Viseu.
São 03H10 da madrugada.
11 horas escoadas e a “saga” chegou enfim a seu término.
Esta devia ser uma experiência obrigatória para todos os cidadãos portugueses, passarem umas horas nas urgências de um hospital, para poderem dar público testemunho daquilo a que assistem.
Podem crer que muita gente ficaria estarrecida e outros… muito mal na fotografia.
Porém, o “tuga” é sereno e manso. Se tivessem a cidadania de participar todas as “irregularidades” de que são alvo, talvez a “coisa” se moralizasse.
E já agora, como cada telemóvel tem uma câmara, porque não começar a tirar umas fotografias? Uma imagem não vale mil palavras? Ou será proibido, em nome da privacidade do “utente”?
Tenhamos sempre presente que uma floresta é feita de imensas árvores e, se podem ser do mesmo género botânico, todas têm portes diferentes…
Claro está que há boa gente que defende que os idosos e demais pacientes são uns calaceiros que vão às urgências “tratar um calo ou desejar Feliz Natal”. Gente que sabe do que fala porque diz “ter lá familiares a trabalhar…”. Efectivamente, as triagens são profícuas e eficazes. Quem o ignora? E já agora, qual é a cor para uma unha encravada?
Que há idosos que no Inverno vão para os centros comerciais fugir ao frio, porque não têm dinheiro para aquecimento, isso não é novidade. Porém, que sejam masoquistas ao ponto de irem amaciar o joanete, passando lá dez horas…
O estranho e bizarro é ninguém, ilusoriamente, ter presente que é o idoso de amanhã.
Epílogo:
As participações devem ser sempre feitas, em carta registada com aviso de recepção ao IGAS, cujo endereço é:
Inspeção Geral das Atividades em Saúde
Avenida 24 de Julho, 2 L
1249-072 Lisboa
igas@igas.min-saude
De preferência, com reiterado conhecimento ao Provedor de Justiça, pois dar conhecimento à administração hospitalar, será eventual perda de tempo.
(Foto tirada do Google com DR)