Decorreu ontem, sábado de feira de “Barrelas”, dia 19 de Maio, neste mês simbólico para todos os aquilinianos – Aquilino Ribeiro faleceu às 12:30 do dia 27 de Maio de 1963 – o grande momento de fechamento de um primeiro ciclo de reedições da obra do Escritor, em íntima colaboração/cooperação entre a Bertrand Editora, pela mão sábia de Eduardo Boavida e os três municípios das Terras do Demo, Sernancelhe, onde Aquilino nasceu, no Carregal, às 13:00 do dia 13 de Setembro de 1885, Vila Nova de Paiva onde foi registado, na igreja da Nª Sª da Corredoura, nos Alhais, 2 meses depois, e Moimenta da Beira, sede do concelho onde, em Soutosa, viveu muito tempo de sua vida.
Se a autarquia sernancelhense reeditou em parceria com a Bertrand Editora – a livraria mais antiga do mundo – “Cinco Réis de Gente”, a moimentense deu ao prelo “O Homem da Nave – Serranos, Caçadores e Fauna Vária” e a paivense apresentou a reedição de “O Malhadinhas”, protagonizado pelo ficcionado António da Rocha Malhada, aqui nascido em 1830 e falecido a 23 de Março de 1914, de “bronquite crónica”, como consta do registo de seu óbito.
Estão de parabéns estes três autarcas, Carlos Silva Santiago, José Eduardo Ferreira e José Morgado, respectivamente, incansáveis protagonistas do legítimo ideário de manter viva esta “chama” de nome Aquilino.
O dia foi de sentida festa, com típico almoço numa tenda da Feira quinzenal, tão bem descrita na obra, acolhidos que fomos por José Morgado e José Manuel Rodrigues, presidente da Assembleia Municipal.
De seguida, à porta do Auditório Municipal, uma estrondosa arruada dos Bombos de Pendilhe deu início ao evento que continuou com magníficas intervenções do Rancho Folclórico de Sernancelhe, numa coreografia rica e cuidada, etnograficamente minuciosa, capitaneado pelo vereador da Cultura daquele município, Armando Mateus.
Foram momentos deliciosos, no anfiteatro exterior em granito, que interagiram com o público presente que não negou o repto de ir à dança. Eduardo Boavida deu o mote e mostrou-nos quão competente bailarino sabe ser.
Entrados no Auditório, guiados pela incansável Graciete Salvador e fotografados sempre pela Ana Sofia Pires, que tem o crédito de todas estas imagens, aquela deu as boas-vindas em nome do Presidente, constituiu a Mesa e fez-se a apresentação, naquele digno espaço designado “Carlos Paredes”, perante mais de centena e meia de espectadores, vereadora da Cultura, Delfina Fonseca,presidentes de Junta, o ex-presidente Carlos Diogo Pires, o ex-governado Civil, Acácio Pinto, Bárbara Soares, Bertrand e restantes aquilinianos, alguns vindos até de Lisboa, como o advogado Carlos Silva.
Iniciou-se com a prelecção de Paulo Neto, director da revista literária “aquilino”, que podem ler na íntegra na Rua Direita, seguindo-se o neto do Escritor, Aquilino Machado, o director da Bertrand Editora, Eduardo Boavida, a docente da Universidade de Aveiro, Maria Eugénia Pereira e os presidentes das três autarquias, por esta ordem: Carlos Silva Santiago, José Eduardo Ferreira e o anfitrião, José Morgado. Estes três autarcas detentores da propriedade da FAR, Fundação Aquilino Ribeiro, em Soutosa, acentuaram com eloquência o denominador comum, que é a relevância de Aquilino para os três territórios, a importância de ler a sua obra, a imperiosidade da preservação do seu legado, imaterial e físico.
Ia a tarde a findar-se quando foi dada por encerrada a sessão, José Morgado convidou para a visita às exposições de algumas primeiras edições autografadas de Aquilino, de uma diacronia de sua vida e obra e das ilustrações de Bernardo Marques, que integraram a edição autónoma de 1946.
Seguiu-se um convival momento com uma merenda a preceito… beiroa.
O evento foi musicalmente animado por elementos da Orquestra Cem Notas e rigorosamente co-organizado por Graciete Salvador e Ana Sofia Pires. No som esteve Filipe Afonso.
Foi posto à venda o livro dado ao prelo, assinado por Aquilino Machado e, a Câmara Municipal editou um prato da Vista Alegre com imagem do Malhadinhas, do desenhador José Almeida.
Um compromisso por todos quantos poder decisório detêm foi tomado: a reedição conjunta, em 2019, das “Terras do Demo”, no ano em que se celebra o Centenário da sua aparição.
A chama não se apaga nestes aquilinianos… Esta é a lição final. A todos os três e à Bertrand Editora o bem-haja de quantos ao Mestre juraram fidelidade.
Nota final: no dia 10 de Junho, dia de Portugal e de Camões, a Bertrand Editora apresenta na Feira do Livro de Lisboa, a reedição, em formato “livro de bolso” de “Cinco Réis de Gente”. Estejam connosco presentes…
(Todas as fotografias são da Ana Sofia Pires, excepção desta última de Acácio Pinto)