Esta fotomontagem é uma metáfora de alguns comportamentos duais, onde o ser e o parecer se confundem e agridem.
Nela se patenteia a realidade que se ignora e aquela que se quer exibir.
Está o corpo “sujo” e o corpo “lavado” da urbe.
O visível e o invisível.
A montante das polémicas estéticas sobre a estátua de Dom Afonso Henriques e da rotunda onde foi colocada, evidenciam-se a jusante realidades que os holofotes não desvendam e não se embrulham no escarcéu de novo-riquismo cultural.
Fala-se muito da estátua nova.
Esquece-se o património “velho”.
Já aqui alertámos, repetidamente, para a estátua às Mães, no Jardim das Mães e no estado de abandono em que se encontra; já aqui falámos, recorrentemente, da estátua do S. Francisco na Rua do Arco, asfixiada em imundície… e de outros mais casos.
A vereação cultural ignora, ou ignorou, até aqui.
Não criticamos para evidenciar desméritos, não o fazemos para deslustrar A, B ou C.
Também nós gostamos de Viseu e não outorgamos a ninguém o direito de disso duvidar.
“Viver Viseu” – slogan feliz – é mais abrangente que certos fogos –faralhos mediáticos.
“Viver Viseu” é, também, estar atento ao seu pulsar, não só na cabeça ou no coração, mas pelo corpo todo.
Viseu não é apenas o Rossio ou o Centro Histórico.
Viseu é um concelho com 34 freguesias, uma área de 507,10 km2 e 99.274 habitantes.
Felizmente que o concelho tem excelentes juntas de freguesia (e não falamos da de Viseu) alheias aos maus hábitos da riqueza nova e ao desbarato do dinheiro público.
Mas isso é outra conversa para outra oportunidade…