Há faunas e floras cíclicas que se vão extinguindo ora renovando, de acordo com o mais plural conjunto de factores que as circundam e ao seu meio envolvente e/ou habitat preferencial/vivencial.
Hoje escreveremos sobre a fauna dos idiotas.
O que é um idiota?
É um subnormal, cujo quociente de inteligência é inferior a 20.
O termo subnormalidade mental é usado para indicar deficiência do tipo intelectual. Tem como sinónimos, amência (= sem mente) e oligofrenia (= fraco de espírito).
Têm proliferado ultimamente os portadores de amência e os oligofrénicos.
Como se detectam e como agem?
São indivíduos incapazes de levar uma vida independente, precisam ansiosamente de um chefe ou tutor, em redor do qual gravitam a sua idiotia e imbecilidade, sendo estas características muito aproveitadas pelo chefe em questão, que lhes confere cargos relevantes ou até de chefia, onde não tenham que fazer mais do que meros actos de repetição, porque são lentos no aprender e têm dificuldades em se adaptar a situações novas.
São facilmente desviados, necessitando de vigilância apertada.
Nas sociedades actuais mais dependentes das novas tecnologias da informação e da comunicação, existem mais indivíduos com possibilidade de fracasso e idiotia.
Os idiotas precisam de estímulos constantes, o denominado afago do chefe que, frequentemente, não precisa de ir além da carícia leve no cachaço adiposo, ou na oferta de uma esferográfica em latão prateado, quiçá um chupa-chupa-misto.
Os idiotas babam-se de prazer implosivo quando são assim estimulados e babam-se de ansiedade exógena enquanto o estímulo não chega.
Os idiotas pensam que pensam, mas não pensam. Repetem o pensamento que o chefe lhes incutiu de forma mais ou menos sub-reptícia.
Os idiotas têm um brilho inequívoco no olhar e alguns gestos frenéticos no agir, quando pensam que estão a mandar pelo chefe, chegando mesmo a engrossar muito a voz, num entumescimento anormal, e a ter meneios de virilidade, assumida com frequentes pancadas dadas no peito oco, com resfolegares ruidosos.
Os idiotas são úteis. Há idiotas úteis por toda a parte. Têm uma vantagem: não expõem o chefe e repetem o que lhes foi repetido; têm outra vantagem: fazem pensar que nos lugares dirigentes prevalece o rigor democrático e que não existe a oligarquia prepotente vigente (passe o pleonasmo e a cacofónica rima).
São úteis, os idiotas, porque representam muito bem esse papel sem dispêndios, a troco de cascas de amendoim que o chefe come e lhes cuspilha.
Os idiotas úteis não têm cura.
Há algumas panaceias, alguns xaropes, centros de treino e até oficinas, devendo ter-se sempre em consideração que os idiotas úteis, longe do chefe, tendem a gerar temperamentos instáveis e a tornarem-se inúteis.
É pois imprudente tirar o idiota da esteira do chefe. Desactiva-se.
Há idiotas que vão longe. Não em distância linear mas em distância ascencional, o que os torno análogos aos foguetões.
Os idiotas úteis, por mais alto a que ascendam, têm sempre por trás a sombra, o gesto e a palavra do chefe. Para lhe agradar até coxeiam de espírito, quando não até mesmo das mãos.
Subservientes, bajuladores e rastejantes, mimam o chefe com baba espessa e pestilenta, que é a seiva das chefias.
Há estruturas aparentemente compostas só por idiotas úteis. Os restantes membros da estrutura têm dois caminhos à escolha, ambos fatais: o da perdição e o da perdição. Tornam-se a breve trecho plácidos carneiros, depois imbecis, em breve são nomeados idiotas, e finalmente, idiotas úteis.
O idiota útil está votado ao sucesso, tanto maior sucesso alcançando quanto maior for o grau de idiotia do qual é portador.
Por vezes, os idiotas úteis chegam mesmo a chefe-de-tribo das sociedades mais atrasadas. Quanto mais atrasada for a sociedade em questão, mais probabilidades tem de ser chefiada por um idiota útil.
Com o excesso de procura de idiotas úteis, há instituições de ensino superior a proporem pós-graduações nesse domínio, o que passará a conferir meio-grau àqueles que já detêm o jeito, a propensão e a deformação.