Ultimamente, a natureza, tão saturada das constantes agressões humanas tem-se revoltado e dado a conhecer com facetas novas, inesperadas, imprevistas… Por isso, o Agosto dos portugueses que ainda concretizam férias e veraneiam junto ao mar tem alternado uma meteorologia indefinida, de altos e baixos, de canícula excessiva e rigores outonais.
É o que acontece quando as agressões chegam ao ponto da insuportabilidade e geram a revolta no mais costumeiro e pacífico contexto.
Neste mundo global, quando uma super-potência como a China vê os seus mercados ontem prósperos, fazerem um terrível looping e caírem em vertiginosa espiral, o mundo estremece, a velha Europa horroriza-se, os EUA, habituais geradores destes epifenómenos (vide crash do subprime de 2008), entram em alerta vermelho. O mau suspiro da China gerou quebras fantásticas em todas as Bolsas. A de Lisboa registou hoje prejuízos de 3 mil milhões de euros…
Mais do que tudo isto, este estado de coisas significa que o alpinismo financeiro atingiu inescrutáveis cumes onde, à espreita de cada pico pode haver ou uma paisagem infinitamente deslumbrante ou uma avalanche avassaladora. Mais, o princípio dos indecifráveis vasos comunicantes em que se tornou a economia mundial, com a sua rede capilar de canais hipersubterrâneos, de especulções labirínticas e de economias podres de ricas a ombrear com as sempre à beira do colapso, gerou osmoses frágeis por debilidade da grande parte dos seus componentes.
Como na natureza, o homem-agiota, destrói tudo em seu redor para saciar a sua desmedida ganância e avidez material, mesmo tendo presente quão efémera é a sua passagem pela vida…
Uma sugestão de leitura… Pessoa amiga falou-me num jovem professor de economia política no ISCTE, Ricardo Paes Mamede e do seu último livro “O que fazer com este país“, ed. Marcador, Julho de 2015.
Sendo um leitor compulsivo, confesso não ser muito dado a este tipo de leituras “a cavalgar a onda circunstancial”. Mas fiquei curioso, adquiri a obra e estou a lê-la com o maior agrado. E a aprender. O que é óptimo.
Despretensioso na escrita, claro e muito informativo, usando o “economês” ao mínimo, dá-nos em duas distintas partes o mais nítido cenário das causas, efeitos e perspectivas futuras dos dias que correm.
Começa com “O que fizeram deste país”, dividindo-se por “Do pelotão da frente à cauda da Europa”; “Quem são os responsáveis pelo estado a que chegámos?” e numa segunda parte, “O que faremos deste país”, dilucida: “Combater a pobreza e as desigualdades crónicas”; “Relançar o crescimento para criar emprego”; ” Reestruturar uma economia frágil”; “Vingar numa Europa disfuncional”, para concluir com “O futuro nas nossas mãos”. Estará?
Chego quase ao fim do livro a ruminar em toda a mensagem que transmite, consolidando a minha óptica tantas vezes aqui enunciada:
Manadas sucessivas, desvairadas e em tropel de subservientes políticos de m…. transformaram a caduca Europa num esgoto fétido, onde milhões são escravos de um punhado de milhares. Com o BCE de maestro.
Sem esquecermos o luminescente e servil tuga que esteve à frente dos destinos da CE nos últimos anos…
Um livro lúcido a ler. Urgentemente!