Em entrevista à RTP e ao Público, Marcelo Rebelo de Sousa, por ocasião dos 7 anos da sua magistratura, dá dolorosos puxões de orelhas ao Governo, à Igreja e ao PSD.
O Governo está, nas suas palavras “requentado e cansado”; a Igreja, na aguardada conferência episcopal foi um “flop”, ficando muito aquém do que dela se esperava; o PSD não está preparado para governar, eventualmente por falta do seu líder, Luís Montenegro.
Estas são as ilações fulcrais. Daqui, decorre a possibilidade de dissolução da Assembleia da República, porque Marcelo “nunca diz nunca”, ficando a pairar a ideia…
É claro que a Igreja se colocou, por criminosa acção de alguns dos seus membros em situação de ser punida com a exemplaridade dos cometimentos. Actos do quais, a Igreja, conservadora e corporativista, habituada a julgar e não a ser julgada, foge como o diabo da cruz, dando um espectáculo patético de balbúcios e de titubeios. Cada bispo a dizer coisa diferente do bispo da diocese ao lado. Logo, no canto coral, reprovados…
É óbvio que a substituição de Rui Rio por Luís Montenegro não está a levantar a calorosa unanimidade esperada. Talvez inabilidade do líder. Talvez falta de capacidade de aproveitar os pretextos que Costa lhe tem atirado para a bandeja. O PSD para vir a ser governo, neste contexto, carece de se unir à sua direita. Com o Chega já provou o veneno , nos Açores, o beijo da viúva negra, com a IL, esta anda mais empenhada em provar a si mesma que tem uma voz audível, do que a “amouchar” sob um partido que a pode canibalizar.
(Foto PR DR)