(…) ” As partes da vida do homem são o oriente do nascimento, o ocidente da morte, o meio-dia da prosperidade, o setentrião ou aquilão da adversidade. Devemos ir a todo este mundo: Ide por todo o mundo, para considerardes o que fostes no vosso nascimento e o que sereis na morte; o que sois quando vos sorri a prosperidade e quando investe a adversidade: se aquela levanta e esta prostra. Desta quádrupla consideração provém quádrupla utilidade: o desprezo de si, o desprezo do mundo, a constância, para que não se eleve, e a paciência, para que não se deprima. “
Sermões de Santo António, Vol. II (Ascensão do Senhor, II, 923-924), Lello Editores, 2000.
E está tudo dito. Há escritores assim… passam os anos, as décadas, os séculos e a pertinência, actualidade, utilidade, verdade da sua mensagem permanece impoluta…
Nomeadamente em quanto ao homem respeita. O homem que de forma inversamente proporcional à evolução tecnológica regride paulatinamente no tempo até se comparar ao avô do paleolítico em comportamento, ambição, ganância, deslealdade, egoísmo, cupidez…
Este homo sapiens de há 200 ou 50 mil anos (que importa esta diferença?) anquilosou-se na sua linha evolutiva ascendente, sendo, paradoxalmente, o capaz criador do maravilhoso e o destruidor da criação.
Por todo o lado, em todos os continentes, a violência oriunda de homens muito zangados, irrompe com a força das urtigas nos tojais. Por seu turno, a Natureza, fecundamente ofendida, revela-se num inóspito despertar de inconstantes calamidades…
Mas de facto hoje é Dia de Natal. O tal dia da harmonia e da paz entre os homens por esse mundo fora. Mais vale pois, para prevalecer na ilusão, manter a televisão desligada, o rádio apagado e o jornal fechado.
Tenha um bom Natal… aqueça o resto do peru, coma as rabanadas sobrantes e lembre-se: para o ano há mais… Natal e Desumanidade.