O ovo no cu da galinha

    Não é pela afirmação reiterada de falácias que elas se traduzem em verdades, embora o aforismo não negue: “uma mentira muitas vezes dita torna-se numa verdade”. Provavelmente, com o aproximar das eleições de 2017, muitos autarcas agarrarão em tudo o que têm e até no que não têm para sair à arena. Claro que […]

  • 20:39 | Quinta-feira, 27 de Outubro de 2016
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Não é pela afirmação reiterada de falácias que elas se traduzem em verdades, embora o aforismo não negue: “uma mentira muitas vezes dita torna-se numa verdade”.
Provavelmente, com o aproximar das eleições de 2017, muitos autarcas agarrarão em tudo o que têm e até no que não têm para sair à arena. Claro que não são todos iguais, felizmente. E há-os mesmo que lutando com muita tenacidade e dificuldade, conseguem fazer obra sem recorrer a artifícios “manhosos”.
Quando falamos de artifícios “manhosos” referimo-nos ao exaustivamente enfatizado uso da comunicação social para virar as “media lights” sobre protagonistas, sempre em bicos de pés, como bailarinos do Bolshoi.
A comunicação social, por seu turno e em geral, nem questiona as atoardas proferidas, trombeteando-as aos sete ventos, como inequívocas realidades factuais.
 
Quando um autarca vive reclamando fundos comunitários numa melodia triste de “fazer chorar as pedras da calçada”;
Quando propagandeia ter os cofres públicos a abarrotar, conjecturalmente fruto dos impostos cobrados aos cidadãos;
Quando refere que a câmara vai votar um orçamento com um aumento de 40% para o ano de 2017 (eleições), mas, pasme-se, “baseado numa perspectiva de crescimento do investimento” – já se votam perspectivas?
Estando “prevista uma revisão orçamental já em Abril” (?)… Porquê?
Quando o edil afirma “Chegou a hora de executar e o município de Viseu está perfeitamente preparado para esse desafio” – então até aqui não se executou nada, nestes três anos?
Mais blasonando que o orçamento traduz um crescimento de 121%, para depois clarificar “O encaixe de fundos comunitários – que deverá ser de 5,6 milhões de euros em 2017 – motiva parte deste aumento”, aditando “Este é um salto orçamental muito positivo, mas com os pés perfeitamente assentes na terra“… diríamos até que é híper positivo, mas com os “pés bem assentes na terra”, baseado num “deverá ser”?
E contudo, as poupanças, com tanto despesismo feito, ainda são de 10 milhões de euros? Por quê não ter então baixado os impostos aos munícipes?
Este orçamento de 2017 é aquele que “servirá”, finalmente, para executar as prioridades do programa eleitoral de 2013 “Viseu Primeiro”.
Só agora, a escassos meses das eleições? Só em 2017 é que a autarquia vai renovar a “política amiga das famílias”, que afinal já se traduziu numa “fiscalidade amiga” com taxas mínimas. Então de onde vem, afinal, o dinheiro que lateja nos cofres?
Enfim e em suma, usando como tempo e modo o futuro do indicativo – ainda bem que não utiliza o condicional presente – vai-se empurrando com a barriga para diante – e diante é 2017, que por pura e mera coincidência é o ano das autárquicas –  é o a-fazer baseado nas perspectivas do que virá.
Aprendemos a fazer omoletes quando tínhamos ovos. Mas há quem as saiba fazer só com a frigideira…

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Publicado em Editorial