O autarca viseense carpe-se diariamente de que não lhe chegam às empreendedoras mãos os fundos comunitários. É uma chatice… Parece que há umas festarolices agendadas e uns milhares de páginas de endeusada publicidade do a-fazer nos periódicos locais, nacionais e internacionais e o raio das verbas não há modo de chegarem.
Na revista municipal “Viseu” a pub não deixa dúvidas da enorme capacidade operativo-empreendedora do nosso líder. Senão veja-se:
“ Investimento Centro Histórico – Em apenas três anos batemos recordes absolutos. Estimularam-se investimentos privados de 25 milhões em transações e obras de recuperação.”
Daqui se tira a ilação de que Fernando Ruas andou duas décadas a ver passar navios no Pavia; de que o Centro Histórico, com tanto milhão, está uma categoria; de que a estimulação não é coisa do vibrador da Candidinha.
Mas há mais e só nesse periódico de auto-panegírico pago pelo munícipe:
“Investimento Atrair e Fixar – Garantimos mais de 1300 empregos em 22 investimentos, num total de 132 milhões.”
E aqui, decerto que temos que manifestar o nosso clamoroso júbilo… mais ainda quando é “garantido”. Segue-se a lista das empresas:
Altice; IBM; Habidecor; BeiraNova; Bizdirect; Cuf; Goucam; Pampilar; TCS; Visabeira.
Por isso se o caro leitor está desempregado ou tem os seus três filhos à boa-vida, já sabe onde há-de ir bater.
Agora, “pegou o trem” das smart cities, embora já aqui tenhamos provado que num relatório sobre o assunto e entre 36 cidades analisadas, Viseu nem no TOP10 consta… Mas serve perfeitamente como pretexto e argumento para a consabida cupidez.
Quanto ao resto… é a estrénua conflitualidade com o estacionamento no Centro Histórico, com seguidores e detractores – há sempre os lesados e os agamelados – em torno de um conjunto avulso, mutante, indeciso, incoerente de medidas que só servem para o charivari rotineiro e a inequívoca prova de uma cidade ao Deus-dará, nas mãos dos ventos da circunstância.
Mas há mais e aqui se deixa o testemunho publicado numa rede social – com a devida vénia e salvaguardando o nome da senhora – sobre insegurança no centro histórico, local onde as lojas vão fechando e os comerciantes migrando.
“Muito se tem falado e se fala nesta cidade do Centro Histórico. Ultimamente, falamos sobre os estacionamentos, e como moradora, até recebi ontem um convite da CMV para assistir a uma reunião para tratar do tema, hoje às 21H00 na Associação Comercial de Viseu. Apetecia-me (mesmo muito) comparecer, mas… ontem fui assaltada e agredida na Rua Direita às 22H por dois indivíduos na casa dos vinte e tal anos.
Anteriormente e, por duas vezes, já tinha falado com dois agentes por causa de diferentes incidentes que se vem registando nas noites/madrugadas desta rua e pelos quais tenho sido prejudicada. Já me apedrejaram a janela várias vezes.
Hoje, falei com outro agente e mostrei-lhe a negra que tenho no braço. Disse-me que devia ter feito/fazer queixa. Não fiz… tenho medo. Esta rua é fantasma à noite… e assim não há condições para se morar cá… disseram-me que não há policiamento à noite porque tem que ser pago pela Câmara e não há dinheiro… que triste resposta quando se trata da segurança dum cidadão, dum ser humano. E agora, continuem a discutir os lugares de estacionamento… eu fico de fora!”
A Sé, por agora, mantém-se aberta… Por quanto tempo?