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Paulo Neto
A democracia tem destas brutais incongruências… permitir que um candidato presidencial com um discurso arrogante, autocrata e exclusivo, centre no ódio o essencial da sua companha eleitoral. Tal Bolsonaro.
Mais difícil de entender é um povo acreditar que essa política de prepotência o vá salvar de alguma coisa, depois de o deixar indefeso nas mãos de um militar-vilão, cheio de fobias, brutal no que pretende banir, restaurador da censura, implementador das perseguições políticas e de demais privações da liberdade plena, inerente a um estado de direito e democrático.
Temível é também o obscurantismo de um povo que faz das famosas fake news o seu mein kampf libertador. Assim se percebe a política do atavismo do povo tão pregada e adorada por todos os déspotas. Assim como o ódio profundo à intelectualidade… Porque pensa. E à censura, porque apaga. Apaga até a memória de líderes como Stroessner, Somoza ou Pinochet…
Eles sabem bem, que enquanto prevalecer a ignorância, o alheamento, o asco à classe política, eles estarão com os deuses no seu privado Olimpo. Uma espécie de Éden onde nunca entrarão 99,9% dos que neles votam…
Hoje, o discurso do ódio conhece picos de desmesura. Quase nos questionamos se, à distância, o 11 de setembro não serviu exemplarmente os intentos desse recrudescimento…
E porém, não há inocentes… a culpa cai em catadupas sobre todos, mormente sobre quantos fizeram, fazem e farão do exercício do poder legal e democraticamente consignado, uma coutada meramente pessoal, dos interesses do seu aparelho corporativista, do seu “apparatchik”, que servindo a um punhado, por eco mediático, faz parecer que a tanga é fato armani ao tamanho de todos.
A vitória possível de Bolsonaro porá o Brasil a par da Venezuela de Maduro, das Filipinas de Duterte, dos USA de Trump, em direitos e liberdades dos cidadãos, sendo, previsivelmente, o maior retrocesso democrático das últimas décadas.
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