A política é uma das actividades mais dignas da humanidade. Contudo, desde o cidadão da polis, na distante antiguidade grega, berço da democracia, o político tem desaprendido sua arte e tem-se inexoravelmente afastado da grandeza do seu mester. O político perdeu-se com o poder, com o afastamento dos seus princípios originais, tornou-se cúpido, deslumbrado, autoritário e esqueceu os sufragistas para se subjugar aos príncipes do cinismo, onde se movem só por tolerância e oportunismo dos maquiavélicos DDT’s destas cortes. Crato é um político derrotado. Pela sua incompetência e duplicidade. A duplicidade de alguém que era uma referência pelas palavras e quando teve a oportunidade de praticar o seu discurso se viu a boiar na vacuidade de uma teia de interesses ignóbeis. Nada fez pelo Ensino. Como aliás a maioria dos mais de 40 ministros que tutelaram a pasta nestas quatro décadas de democracia. É muito difícil fazer tanto mal à classe e ao sector em geral, quanto Maria de Lurdes Rodrigues fez, ao serviço de Sócrates e Nuno Crato às ordens de Passos Coelho. Paula da Cruz — este antropónimo é premonitório — é uma política falhada. A Justiça encontrou nela o adequado pretexto para justificar todas as suas intrínsecas e internas falhas. A partir de Paula da Cruz, não é a Justiça que falha em Portugal. É ela, uma ministra obstinada na reiteração da asneira, o rosto do insucesso judicial. Os outros ministros de Passos Coelho, com excepção de Portas, Maria Luís e Macedo, sorvem o ar com muito jeitinho para ninguém dar conta que existem. Portas é Sicuta. Maria Luís é um Chanel frio. Macedo é Clorofórmio puro. Portas submergiu com os submarinos. Maria Luís provou que milagres só em Fátima. Macedo acaba com a pouca saúde dos portugueses… Mas ganharam o seu território. Passos Coelho metralhou-nos, aos pobres e remediados com impostos; deu poderes estalinistas ao fisco e enrodilhou-se na teia sórdida do “tipo dos 5 mil euros/mês“. Até nisso foi “remediado“. O que nunca conseguiu foi pôr a máquina de cobrar impostos a actuar sobre os mais ricos, sobre a sua fuga às responsabilidades sociais, sobre os paraísos fiscais que ele também, a seu tempo e por bem pouco, terá ajudado a fomentar. O presidente da República, que em condições normais já teria demitido esta caterva de “bons rapazes”, parece ter perdido a memória e a própria fala, senão para proferir discursos-clichés que não significam, por serem significantes sem significado. Quase 4 anos de praga a juntar aos 6 anos, 3 meses e 9 dias de Sócrates… são um Inferno assaz porfiado que ninguém, nem os mais vis sicários e cruéis piratas a ferros postos, mereceriam. Quanto mais dez milhões de inocentes e plácidos lusitanos…