As “Novas Cartas Portuguesas”, publicadas em 1972, da autoria de Maria Teresa Horta, Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, as “Três Marias”, como ficaram conhecidas, tornaram-se fortemente simbólicas para a minha geração (e não só) pela denúncia que corajosamente faziam acerca de temas como a situação e sujeição das mulheres em Portugal, da guerra colonial iniciada em 1961 que provocou milhares de vítimas, civis e militares, da emigração de centenas de milhares de compatriotas, do vergonhoso sistema judicial vigente, nas mãos dos Tribunais Plenários criados por Salazar em 1945, meros instrumentos de “justiça” política do Estado Novo, etc.
Tendo como matriz as cartas de Soror Mariana Alcoforado, natural de Beja, ao cavaleiro Nöel de Bouton, marquês de Chamilly, publicadas em Paris em 1669, serviram de ponto de partida e de irradiação, através deste amor impossível da enclausurada freira, para a panfletária acusação que mexeu com o establishment vigente, com as elites políticas de então.
O presidente da Assembleia da República propôs um voto de pesar que foi aprovado por todos os deputados com excepção do ex-deputado do Chega, Miguel Arruda, presentemente independente, recém-saído da “baixa psiquiátrica” que apresentou na sequência das acusações de ladrão de malas nos aeroportos de Ponta Delgada e de Lisboa e, agora, na maior galhofa, descarada e impunemente, se entretendo a fazer saudações nazis no Parlamento, que entendeu, por ser “anticomunista” não votar “em consciência em pessoas que admiram ideologias responsáveis por milhões de mortes”, provavelmente, por ignorância ou perfídia se esquecendo de Adolfo Hitler e quejandos ídolos.
A atitude miserável deste patético homúnculo teria sido apreciada pela visada, pois vindo de quem vinha, o voto contra de pesar redundou em marcante encômio e elogio…