De Paganini a Chris Kelly e Pitbull
Experimentem ouvir o “Concerto nº 1 Op.6 em Ré Maior para violino e orquestra”, composto por Niccolò Paganini, o genovês virtuoso do violino e a seguir, “Jump” do rapper Chris Kelly ou “The Anthem”, de Pitbull. Depois esforcem-se para se situar em Milão, por volta de 1817 ou em New York, em redor de 1990. […]
Experimentem ouvir o “Concerto nº 1 Op.6 em Ré Maior para violino e orquestra”, composto por Niccolò Paganini, o genovês virtuoso do violino e a seguir, “Jump” do rapper Chris Kelly ou “The Anthem”, de Pitbull.
Depois esforcem-se para se situar em Milão, por volta de 1817 ou em New York, em redor de 1990.
A seguir, através da música, olhos cerrados, tentem ver o seu público e os locais onde foram mais tocadas.
Tentem perceber o final do século XX nos EUA e a efervescência do liberalismo, com a Carbonária a “bombar”, em Itália.
Visualizem as roupas. Ouçam o tom e o murmúrio das conversas no intervalo. Vejam um público selecto e sentado no Teatro alla Scalla de Milano ou uma multidão agitada e incrivelmente vestida nos ghettos de Bronx.
Recordem Madame de Staël e a sua obra “De l’Allemagne” (1810) e Jane Austen “Pride and Prejudice” (1813), falecidas nesse ano. Lembrem Henry David Thoreau, com “Walden ou A Vida nos Bosques” (1854) e Theodor Mommson, prémio Nobel da Literatura, em 1902 com a sua “História de Roma”, nascidos respectivamente nos EUA e na Alemanha.
Lembrem-se de Walter Scott e do seu romance “Rob Roy” no auge do romantismo inglês, ou de Hegel que publica a “Enciclopédia das Ciências Filosóficas”.
Em Espanha aboliu-se a escravatura.
…
Surge o conceito de globalização no final do século XX. O colapso da União Soviética, em 1991. Michael Jackson. Americanização. Novos vírus, Sida, Gripe das Aves… Terrorismo e ditadura. Coreia do Norte e Irão. Do superficialismo e consumismo até à militância ambientalista e antiglobalizante. O processador Pentium da Intel. Popularização do Windows 95, a abrir caminho ao 98. Crescimento da Internet. Do CD ao DVD. Clonagem da ovelha Dolly. Fim do apartheid na África do Sul. Guerra do Golfo. Genocídio no Ruanda. Primeira Guerra da Chechênia. Guerra da Bósnia. Clinton e Monica. Segunda Guerra do Congo, com 7 nações africanas envolvidas. Guerra no Kargil, Índia e Paquistão. Portugal devolve Macau à China. Boris Iéltsin renuncia deixando a Rússia no caos. Entra em cena Vladimir Putin. Morre Kurt Cobain, segue-se-lhe Freddie Mercury. Surge Madona e morre Madre Teresa de Calcutá. Êxito do Hip Hop, Rapcore e Grunge. No Brasil nasce a Lambada. Videogames piercings e tatuagens berram nos corpos. Ayrton de Senna, o brasileiro, conquista dois títulos de Campeão do Mundo de Fórmula I. Tempo do “girl power” com as Spice Girls…
Percebem agora?
Ouçam as obras. Elas são o seu tempo.
ELAS SÃO O SEU TEMPO. O espírito do tempo…
Do RAP (que significa “bater”) emceeing, neologismo do acrónimo “rhyme and poetry”, o discurso rítmico com rimas e poemas, oriundo da Jamaica, da década de 60, com Kool Herc.
O RAP foi um dos pilares da cultura Hip Hop, com o BeatBox, DJing, Breakdance e o Graffiti. O Paganini (ou vice-versa, não interessa, faça-se a anaforização)…
NetNota,
talvez Infopédia:
NICCOLÒ PAGANINI (1782-1840)
ITALIANO – ERA ROMÂNTICA – C.250 OBRAS
CONCERTO Nº 1 PARA VIOLINO E ORQUESTRA, EM RÉ MAIOR, OP. 6
Com seu talento e técnica, Paganini conseguia tirar do seu violino sons que se assemelhavam aos dos instrumentos de sopro, à voz humana e até às vozes dos animais. Ele sozinho levava multidões ao delírio. Sua brincadeira favorita era colocar no seu violino uma corda desgastada que iria arrebentar durante a execução para daí terminar de tocar somente com as três cordas restantes, mostrando sua habilidade técnica imbatível. Niccolò Paganini escreveu inúmeras peças para serem tocadas somente por ele mesmo e autorizou a publicação de muito poucas, temendo que o seu “talento secreto” fosse descoberto. Paganini compôs este concerto na Itália, provavelmente entre 1817 e 1818, sendo que foi publicado somente após a sua morte. Esta difundida obra foi lançada em 1819 como um cartão de visita do compositor. Abrindo com uma introdução orquestral intensamente esperançosa, lembrando as óperas italianas de Rossini, a entrada do violino é virtuosística, porém vocalmente inspirada e com freqüência lírica. O movimento lento trágico e lírico lembra-nos que Paganini era famoso por sua habilidade tanto para comover quanto para fascinar o ouvinte. Aqui ele o faz com acordes altos, deslizamentos brilhantes e arcadas “em ricochete” no Finale.
Allegro maestoso
Adágio
Rondó
Allegro spirituoso