O inefável António Borges, presidente da Federação do PS Viseu, na impossibilidade de dar resposta às exigências que o distrito impõe em matéria de autárquicas e, quem sabe, talvez para alijar responsabilidades de futuros fracassos eleitorais, decidiu ao que constou ao Rua Direita, dividir o território em três zonas distribuídas por três políticos de sua maior confiança e proximidade: Marisabel Moutela, a jurista deputada que veio de Lamego; José Cruz o enfermeiro deputado de Santa Comba Dão e Pedro Mouro, o economista vereador da Câmara de S. Pedro do Sul e uma estrela ascensional guindada por Borges.
Assim, a primeira terá sobre a sua alçada os concelhos de Cinfães, Resende, Lamego, Armamar, Tabuaço, S. João da Pesqueira, Penedono, Sernancelhe, Moimenta da Beira e Tarouca.
O segundo controlará Mortágua, Sta. Comba Dão, Carregal do Sal, Nelas, Mangualde, Penalva do Castelo, Sátão e Vila Nova de Paiva.
O terceiro determinará nos concelhos de Vouzela, Oliveira de Frades, S. Pedro do Sul, Castro Daire e Tondela.
No topo desta pirâmide ou tríade estará o comendador engenheiro deputado Borges que, provavelmente, avocará a si o concelho de Viseu, para ajudar a candidata Lúcia Silva na constituição das suas listas.
Ao que se prevê – e as previsões valem quanto valem – Marisabel Moutela ficará com o ónus da perda de Resende para Jaime Alves e de não ganhar Lamego, fruto de todas as indecisões de última hora e face a um Francisco Lopes “moribundo”.
José Cruz arcará com a perda de Carregal do Sal, eventualmente com a de Nelas, onde Borges da Silva não tem a tarefa nada facilitada e com a de Vila Nova de Paiva, onde Manuel Custódio poderá ganhar a José Morgado. O Sátão naturalmente cairá nas mãos de uma candidatura independente.
Mouro tem a vida pacificada – ainda está a dar as primeiras pedaladas – e pelo seu território a única surpresa poderá vir da própria autarquia onde tem assento.
Este cenário, com quatro eventuais municípios a mudar de dono ditará mudanças radicais na CIM Dão Lafões, que passará das mãos dos socialistas (algum dia esteve?) para os social-democratas, vendo a norte a CIM Douro Sul consolidada a sua liderança.
Este é o distrito rosa de Borges onde a “maior proximidade e coesão” redundará num previsível desaire, pela sua inépcia política, seu sectarismo e “ausência” do terreno.
“A Federação não ganha eleições, quem as ganha são as concelhias“, esta tem sido a mensagem reiteradamente passada por Borges nas reuniões do órgão a que preside. Nela facilmente se entrevê já a desculpabilização da derrota que vem a caminho, mas, simultaneamente, mais uma pergunta se coloca, se assim é, para quem serve a Federação?
(fotos DR)