É um exercício muito interessante ler as considerações que os vereadores do PS à autarquia viseense fazem, transcrevendo as respostas (?) evasivas do executivo às questões que colocam e que, em geral, são pertinentes e até “leves” para a cabal dilucidação dos critérios e actos públicos destes autarcas “laranja”.
A mero título de exemplo e para nos divertirmos um pouco:
Os viseenses, há muito, que vão tendo a sensação de que a reabilitação dos edifícios da antiga sede do Orfeão e da nova sede das Águas de Viseu está próxima, o que, de certa forma, é alimentado pelo Executivo Municipal. Porém, face a documentos submetidos a votação na reunião, constata-se que – pasme-se (!) – estas obras ainda estão em fase de projeto. No caso do Orfeão o procedimento para execução do projeto arrancou já em 2013, através de contrato programa entre a SRU e a CMV. Em reunião de câmara foi apresentada agora uma 3ª adenda ao projeto, perfazendo este um custo seis vezes superior ao preço inicial. De forma similar, o projeto do edifício das Águas de Viseu já se arrasta desde 2015, merecendo agora mais um montante de financiamento.
Lembramos até que este edifício, comprado ao um companheiro político, foi apressadamente sinalizado e pago como o RD teve ocasião de referenciar, espantado, por tal rapidez que anunciava obra imediata. Anunciava, mas não se viu…
“Inépcia do Executivo”, constata brandamente a oposição…
Na sequência da regularização dos vínculos laborais precários na CMV, numa reunião de câmara de março, os vereadores do PS questionaram o Executivo sobre a mobilidade interna solicitada por diversos assistentes técnicos da CMV, entretanto licenciados. A mobilidade interna foi concedida recentemente apenas a alguns funcionários, mesmo havendo outros – não atendidos – a exercer funções equiparáveis a técnicos superiores.
Em nome da transparência, os vereadores do PS questionaram o Executivo sobre os critérios estabelecidos para a mobilidade interna; se os funcionários têm conhecimento desses critérios e, finalmente, se o Executivo vai definir um enquadramento profissional justo para os funcionários que reúnem condições para acederem à mobilidade interna.
Resposta do executivo pela voz iluminada do vereador Seixas… “caso a caso, à medida das conveniências de serviço, a CMV irá…” e lá vem a treta do futuro do indicativo…
Digno de anedota é o caso da Cava do Viriato…
Os vereadores do PS “chamaram a atenção” do Executivo relativamente à revisão da história da Cava de Viriato que é sugerida no Museu de História da Cidade: construção no século X por impulso do “rei D. Ramiro”. Esta origem, para além de contradizer a que é apresentada aos viseenses e aos turistas em placas informativas localizadas na Cava, diverge das duas teses sobre a matéria “validadas” em artigos científicos – acampamento romano ou, mais recentemente, cidade-acampamento islâmica – e que a própria Direcção-Geral do Património Cultural assume.
Pensamos que pode ter sido um lapso do vereador do turismo que, será também, vereador da cultura. Cultura da cidade que ainda não terá bem assimilada, uma vez que aterrou há pouco tempo no AIM – Aeroporto Internacional da Muna. No futuro, se verá…
Os vereadores do PS pediram esclarecimentos face a novas regras de utilização da pista de atletismo do Fontelo, incluindo o pagamento horário da sua utilização por “atletas singulares”, contrariamente ao acesso livre que era tradição neste equipamento desportivo.
Para os vereadores do PS as intenções do Município podem ser as melhores, mas, aparentemente, não estão a funcionar, e podem mesmo ser entendidas como desrespeito pela modalidade e até como desconhecimento sobre os diferentes modos de uso da pista, bem como das motivações dos seus frequentadores. Parece não haver uma estratégia clara para o uso deste relevante equipamento desportivo.
Claro que a resposta era previsível: “o executivo está actualmente a elaborar um regulamento”. Ou seja, mais um chuto para canto ou para o futuro.
O que farão estes vereadores, afinal?
Sobre o problema que se arrasta da insuficiente qualidade e quantidade das refeições escolares, se houve resposta do vereador-substituto-do-presidente, foi pouco audível… mas decerto que futuramente se encontrará solução adequada, mesmo que os utentes já estejam na universidade, a trabalhar ou… num Lar de 3ª Idade.
Relativamente à Transformação da Linha do Vouga em Ecopista do Vouga’, os vereadores do PS afirmaram em reunião que “ainda bem que é atribuída a construção da Ecopista do Vouga à CIM Viseu Dão Lafões, assim os viseenses têm mais certezas de que a obra é realmente concretizada”. Isto considerando os inúmeros atrasos de obras emblemáticas, há muito prometidas pelo Executivo Municipal.
Ou seja, o diz-que-faz-mas-não-faz já é motivo de mordaz ironia, para não dizer chacota, pois, sistematiza-se por toda a parte, como por exemplo…
Mais uma vez os vereadores do PS chamaram a atenção para o “arrastamento” significativo das obras na Avenida da Liberdade em Fragosela e acessos ao Parque Industrial de Coimbrões, causando muitos incómodos aos utilizadores desta via muito movimentada.
Finalmente, a cereja em cima do bolo, acerca de um assunto polémico que foi por muitos criticado: o abate de árvores e do azevinho na Escola Grão Vasco…
Não sabemos se a resposta veio do inefável Joaquim Seixas, mas façamos-lhe justiça, a ele ou a quem a deu… Excedeu-se na qualidade da informação prestada: “o corte… foi fundamental”; “brevemente, a situação vai ser compensada”.
Lolololol, provavelmente colam o cortado com Peligom, ou então, num futuro longínquo, as novas árvores a plantar, farão o mesmo papel das cortadas, talvez por precipitação, inépcia, negligência, incúria ou… somente mero excesso de zelo.
Os vereadores do PS pediram esclarecimentos sobre o recente abate de árvores na Cidade, mormente na Escola Grão Vasco. Sobre estas o Executivo referiu que o corte de árvores, incluindo um azevinho, foi fundamental para a realização das obras de requalificação, salientando que, brevemente, a situação vai ser compensada com a plantação de árvores.
Devem ser muito divertidas, tais reuniões…
Nota: A itálico as questões retiradas do comunicado emitido pelos vereadores do PS.